Rotina de milionário chamou a atenção da Força-Tarefa
Uma coleção invejável de mais de 16 carros antigos, entre eles um da Barbie dado à filha de aniversário e idas frequentes a joalheria, que somaram mais de R$ 900 mil em três anos parecem rotina de milionários. Mas em Campo Grande, esta era a realidade de servidores públicos municipais e seus familiares.
O ex-secretário de Infraestrutura na gestão de Nelson Trad Filho, João Antonio De Marco, é um dos 21 citados na ação movida pela Força-Tarefa do Ministério Público Estadual que pede o bloqueio de R$ 315 milhões em bens dos investigados por suspeita de desvio de dinheiro para obras de tapa-buraco.
João Antonio De Marco ostenta sua riqueza com invejável coleção de ao menos 16 veículos antigos e personalizados, inclusive veículos inspirados em personagens como Relâmpago McQueen, Barbie e Ben 10, segundo o Ministério.
Além disso, ele possui diversos imóveis na Capital e seria dono da Fazenda Vertente, em Terenos, avaliada em aproximadamente R$ 2 milhões.
Joias e imóveis
Em separado, existem inquéritos civis para apurar o enriquecimento ilícito de outros dois servidores municipais: Sylvio Cesco (chefe da Divisão de Manutenção de Obras) e João Parron Maria, engenheiro civil que atuava na fiscalização do serviço de tapa-buraco.
Sulvio, os filhos e a esposa Vera Lúcia Ferreira Vargas são proprietários de diversos imóveis na Capital. Mas o que chama a atenção nas investigações é que Vera é frequentadora e cliente assídua de uma rede de joalherias que tem lojas nos três maiores shoppings da cidade.
Em três anos, entre 2012 e 2015, ela gastou R$ 904 mil entre anéis, relógios, colares e pulseiras, suas preferidas. A investigação fez um inventário e foram necessárias seis páginas de inquérito para listar todo ouro e diamante comprados pela mulher do funcionário público. Em um único anel, ela gastou R$ 50 mil.
Para mensurar os gastos, que ultrapassam uma média mensal de R$ 25 mil, basta verificar que o teto constitucional salarial no Brasil é de R$ 33,7 mil. Mesmo que recebesse o máximo permitido por lei, ela teria comprometido 74,18% do salário do marido com joias por mês.
João Parron Maria também tem investigação por incompatibilidade de bens. Ele, os três filhos e a mulher têm, ao todo, 22 imóveis em seus nomes. O filho mais novo, de 15 anos, tem dois imóveis. O de 20 anos tem três e o de 26 possui cinco imóveis. João tem em seu nome outros oito imóveis e a mulher mais quatro.
A maioria fica nas áreas nobres da cidade, próximos aos shoppings. Para o Ministério Público, este é um indício “cristalino” de que eles receberiam benefícios em troca de facilitar as licitações.
Ação
As investigações sobre suspeita de corrupção no serviço de manutenção das vias públicas de Campo Grande levaram a justiça a decretar a indisponibilidade de R$ 315 milhões em bens de 21 investigados. Estão na lista o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho, os ex-secretários de Obras, João Antônio de Marco, Semy Ferraz e Valtemir Alves de Brito, além de servidores e empreiteiros.
Segundo o despacho do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, estão com bens indisponíveis Sylvio Cesco, João Paron Maria, Bertholdo Figueiró Filho, Elisas Lino da Silva, Fátima Rosa Moral, Ivane Vanzella, Vera Lúcia Ferreira Vargas, Selco Engenharia, Uilson Simioli, Denis Simioli, Gerson Nina Prado, Abimael Lossavero, Caio Trindade, Luziano Neto, Asimix Ltda, Paulo Roberto Álvares e Michel Issa Filho.
A determinação atende a solicitação feita pela força-tarefa criada pelo Ministério Público Estadual após estourar a Operação Lama Asfáltica, realizada pela Polícia Federal em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União) e o MPF (Ministério Público Federal).
Isso porque, segundo os promotores de Justiça, houveram atos de irregularidades na contratação de pequeno grupo de empresas, danos que custaram ao erário mais de 372 milhões até janeiro de 2015. Somente a Selco abocanhou R$ 28,7 milhões até junho do ano passado, todos devido a obras do tapa-buracos feitos em Campo Grande. Ao todo, foi calculado um prejuízo de R$ 22 milhões nos serviços e superfaturamento de 88% do valor cobrado pelas empresas.
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