Priscilla Peres
O senador Delcídio do Amaral garantiu em acordo de delação premiada que a Operação Lama Asfáltica, desencadeada em Mato Grosso do Sul no ano passado, investigou apenas partes de um esquema fraudulento entre o ex-ministério dos Transportes Alfredo Nascimento, o ex-governo André Puccinelli(PMDB) e o ex-secretário Edson Giroto.
No anexo 10 da delação homologada hoje pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Delcídio conta de um acordo ilícito feito entre os três, para descentralizar os investimentos federais em Mato Grosso do Sul, facilitando a arrecadação de propina.
Delcídio afirmou na delação que ficou sabendo do esquema pelo ex-secretário Giroto, que era responsável por operacionalizar a descentralização de investimentos vindos da União. Ainda de acordo com o documento, a propina arrecadada era repassada aos partidos PR e ao PMDB, através de Alfredo Nascimento, que mantinha um bom relacionamento com a bancada da PR.
O senador afirmou que essa operação ilegal serviu para "irrigar de forma espúria as campanhas eleitorais do PR e do PMDB no Estado e do PR Nacional". Algumas partes desse esquema, de acordo com Delcidio, foram descobertos e originaram as investigações da Operação Lama Asfáltica, pelo Ministério Público e a Polícia Federal, que "aparentemente vem enfrentando dificuldades para avançar nas investigações".
A delação não cita data dos esquemas. Alfredo foi ministro do governo Dilma Rousseff (PT) entre 2007 e 2010 e em 2011. André Puccinelli governou Mato Grosso do Sul de 2007 a 2014, e Edson Giroto era seu secretário de Obras entre 2007 e 2010 e depois em 2013 e 2014.
Em março do ano passado Giroto foi nomeado assessor especial do Ministério do Transportes, onde permaneceu até julho, quando pediu afastamento por ser um dos alvos da Operação Lama Asfáltica.
O Campo Grande News procurou o ex-secretário Edson Giroto, mas seu advogado informou que ele estava em uma reunião e não poderia atender. As ligações para o ex-governador André Puccinelli não foram atendidas e nem retornadas.
Operação - A Lama Asfáltica foi desencadeada em julho do ano passado, investigando contratos de R$ 45 milhões, que teriam provocados prejuízos de R$ 11 milhões aos cofres públicos. A ação, deflagrada pela PF , CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal, mira empresas de pavimentação, coleta de lixo e construção de estradas.
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