Paciente foi quem procurou reportagem para reclamar sobre o problema
Danilo Galvão e Liziane Berrocal
A corda sempre estoura para o lado mais fraco, e no caso da enfermeira que denunciou a falta de seringas para pacientes diabéticos na Unidade Básica deSaúde da Familia Serradinho (UBSF) – Dra. Sumie Ikeda Rodrigues, a consequência da informação será uma ‘contra-informação’ e investigação sobre a conduta da servidora. Leidiane Lima, de 37 anos, lotada no local e uma das responsáveis por atender o grupo de 500 pessoas que recebe a insulina, mas tem precisado comprar do próprio bolso as seringas, reclamou da falta de abastecimento do material e a atitude foi considerada leviana pelo secretário municipal de Saúde, que garante ser mentira o problema citado por ela.
“Com a visita dos vereadores, a servidora por iniciativa própria resolveu dizer aquele absurdo que não procede pois para o local é provisionado 1500 seringas para este fim. A prefeitura não desabastece nenhuma das unidades e tem cumprido com o atendimento desses programas que são de suma importância para a Saúde Pública. Abriremos sindicância sobre essa conduta”, diz Ivandro Fonseca, titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Na gestão de Ivandro na pasta de Saúde, seja na primeira passagem de Alcides Bernal (PP) na Prefeitura, ou na segunda (iniciada em setembro do ano passado), tem sido grande a ocorrência de apuração de eventuais irregularidades. Na prefeitura, a Sesau é a Secretaria que mais abriu sindicâncias desde 2013, chegando a ser quase 800, e sobre a denúncia que foi repassada pela enfermeira a vereadores durante o projeto ‘Câmara Comunitária’, é anunciada incorporação de mais um procedimento disciplinar. Todavia não apenas sobre o abastecimento de seringas, mas a respeito da servidora que comunicou o problema em público.
Reportagem falou com exclusividade com uma paciente que confirmou o problema
Em 16 de março, quando os vereadores foram ao bairro Serradinho pelo projeto ‘Câmara Comunitária’, uma das visitas foi ao UBSF Dr. Sumie Ikeda Rodrigues, na qual os parlamentares vivenciaram uma inusitada coincidência. Ao chegarem no local, ainda na entrada foram vistos pela enfermeira Leidiane Lima, que indignada com o problema de seus pacientes reclamou para os vereadores, que até ouviram a situação, contudo não aprofundaram em providências. O contato dela foi anotado, e, no entanto, nenhum vereador a procurou depois para oferecer ajuda a unidade, ou apresentaram algum requerimento sobre a denúncia. Depois da estadia de 7 minutos da comitiva, a reportagem seguiu no local e falou com outros funcionários e também com uma paciente.
“Faço a aplicação da insulina duas vezes ao dia. Eu pago em dez seringas R$ 25 e tentei até falar para o prefeito em uma vez que eu o vi no Posto do Vila Almeida onde ele deu uma entrevista. Porém os seguranças não deixaram eu dizer para ele que não tem seringa nos postos de saúde. Já cheguei a ir no mesmo dia, tudo de ônibus em três unidades e aqui no Serradinho me atendem bem. Depende mesmo da Secretaria de Saúde enviar para os postos e isso não vem acontecendo”, declara a paciente de 22 anos, Elza Regina Maria, dona de casa, que vive com uma renda de um salário mínimo.
“A falta de aplicação de insulina pode gerar problemas sérios e grande parte dos pacientes não tem o dinheiro para comprar as seringas. Sem esse material pegam a insulina, levam para a casa e acabam por aplicar uma vez ao dia ou até dia sim e dia não. Isso lá na frente tem o risco de aumentar o número de amputações e outros problemas”, diz a enfermeira Leidiane Lima.
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