quinta-feira, 17 de março de 2016

Financiado pelo PT, vereador fala em 'fraude de Dilma' ao nomear Lula

Evander Vendramini recebeu doações da empreiteira Treviso Empreendimentos Ltda., por intermédio do senador Delcídio do Amaral, no valor de R$ 100 mil

Na onda das manifestações que ocorrem em todo o país, o ex-candidato ao Governo do Estado e vereador por Corumbá, Evander Vendramini, do PP, foi um dos parlamentares que comentaram a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil.

Pelas redes sociais, o braço direito do prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP) chamou o governo petista, liderado pela presidente Dilma Rousseff, de 'fascista de esquerda' e pediu 'cadeias' aos envolvidos.

No Facebook, Evander disparou: "Essa Presidente de m*rd* fraudando nomeação do Lula ministro antes de nomear e graças a Deus grampeada pela PF, põe fim nesse governo socialista fascista de esquerda!!!! Cadeia a esses bandidos"!!!! [sic]

No entanto, o parlamentar da Cidade da Branca se esquece que, em 2012, quando se candidatou a vereador por Corumbá, teve o apoio incondicional de um petista - do próprio senador Delcídio do Amaral (ex-PT) - hoje principal delator da Operação Lava Jato.

Naquele ano, Evander recebeu da empresa Treviso Empreendimentos Ltda., a quantia de R$ 100 mil para financiar a sua campanha. A companhia está na lista de empreiteiras investigadas pela Lava Jato por supostos desvios de dinheiro e pagamento de propinas a políticos e agentes públicos. 

Em entrevista ao TopMídiaNews, em janeiro deste ano, o parlamentar explicou: "Não tenho nada a esconder. Eu recebi R$ 100 mil desta empresa, está na minha prestação de contas, foram dois pagamentos no valor de R$ 50 mil. Na época, eu era pré-candidato a prefeitura de Corumbá, nós apoiávamos o PT. No entanto, após uma conversa com o senador, ele me pediu para que abrisse mão e apoiasse o atual prefeito Paulo Duarte (PT). Como promessa, ele me ajudaria na minha campanha a vereador pelo município".
  
Evander ainda afirmou: "Um dia recebi a ligação da secretária dele [Delcídio] pedindo uma conta e passei a ela. Daí vieram os depósitos. Mas jamais imaginei que a empresa não fosse idônea. Na época, nós não sabíamos desses problemas. Mas eu não tenho nada a esconder, tanto que está lá na minha prestação de contas e todo mundo sabe que eu recebi", finalizou.
  
Apesar do vereador ter comentado que recebeu R$ 100 mil da empresa, apenas R$ 50 mil constam na prestação de contas de Evander Vendramini. "O importante é que a minha prestação de contas foi toda aprovada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE)", finalizou. 

 Comentário em sua página pessoal no Facebook. 


Família
O prefeito Alcides Bernal, do PP, deu 'uma forcinha' para o amigo e colega da partido, nomeando o sobrinho de Vendramini para compor os quadros da prefeitura de Campo Grande. Douglas Aredes Vendramini Duran, 23 anos, teve a nomeação publicada no Diário Oficial do Município.

De acordo com a publicação, Douglas Duran como é conhecido, foi nomeado para exercer o cargo em comissão de Assessor-Técnico III, símbolo DCA-6, na Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, de Ciência e Tecnologia e Agronegócio), em conformidade com o Decreto n. 12.751, de 23 de novembro de 2015. A data é retroativa ao dia 2 de dezembro de 2015.

Em rápida pesquisa feita ao Portal da Transparência da prefeitura, o valor pago ao jovem, chega a quase R$ 3 mil por mês. Conforme a tabela da prefeitura para servidores comissionados com a função de assessoramento, com símbolo DCA-6, o valor é de R$ 1.623,23, com mais 80% de gratificação, o valor salta para R$ 2.921,81 por mês.

Além dele, o irmão do vereador e pai de Douglas, também está lotado na prefeitura da Capital. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), Pedro Aloísio Vendramini Duran, está na lista de candidatos 'ficha-suja', com contas julgadas irregulares, em 30 de dezembro de 2014. O período apurado pelo órgão foi de 5 de outubro de 2006 a 5 outubro de 2014, na unidade responsável da Secex-MS (Secretaria de Controle Externo no Estado do Mato Grosso do Sul).

Mesmo diante do fato, com a volta do prefeito Alcides Bernal, do PP, o mesmo possui cargo, por meio de nomeação, em comissão de Diretor da Diretoria de Administração e Finanças, com símbolo DCA-3, na Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande), com valor de R$ 3.189,03. A remuneração possui gratificação de até 80%, embora para o cargo, a tabela da prefeitura prevê 100% de gratificação.

Em outubro de 2015, ele recebeu R$ 5.740,25, conforme relatório disponível no Portal da Transparência. Ele foi admitido através do decreto 'PE' n.2.884, de 30 de setembro de 2015, assinado pelo prefeito e pelo secretário municipal de Administração, Ricardo Ballock. Pedro já integrava o quadro da prefeitura em 2013, mas foi demitido por Gilmar Olarte (PP por liminar) e depois, reconduzido ao cargo por Bernal. 

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