Mário Sérgio Lorenzetto
Dilma troca liberação de créditos por apoio de governadores. Mato Grosso do Sul pleiteia R$2,7 bilhões.
Dilma ainda tem muitas cartas para jogar antes de ser impedida. Em meio à busca por apoio político, o governo federal prometeu liberar já na próxima semana a Estados e Municípios um volume substancial em financiamentos. A decisão foi anunciada pelo Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, no mesmo dia em que Dilma se reuniu com 16 governadores no Palácio do Planalto. No fim do dia, os governadores anunciaram apoio a Dilma no processo de impeachment. O governador do Estado,Reinaldo Azambuja, não participou da reunião, mas enviou a vice-governadora, Rose Modesto, representando o governo. Ainda, segundo Barbosa, o governo federal pretende liberar os recursos na próxima semana, durante reunião da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex).
O governo do Mato Grosso do Sul está na expectativa de entrar na fila dos Estados que receberão o beneplácito de Dilma para alavancar aproximadamente R$2,7 bilhões. A operação é tecnicamente entendida como uma reestruturação da dívida, isso significa que ela não aumentaria as despesas atuais do governo estadual com o pagamento mensal da dívida, uma vez que os estudos para que o governo estadual compre dinheiro em algum banco estrangeiro estão sendo realizados desde o ano de 2013. Os técnicos entendem que esse não é um novo empréstimo. Apenas uma tecnicidade para que o governo estadual tenha dinheiro em seus cofres para investimentos. É claro que paira uma apreensão no ar quanto à liberação desse montante uma vez que o atual governador não apoia Dilma.
Pequenas empresas conseguem vitória parcial no Senado. Elevam o teto de faturamento do Simples.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, impôs mais uma derrota ao governo federal. Ela aprovou o projeto de lei que eleva os limites de enquadramento no Simples que passará de uma receita bruta de R$360 mil para R$900 mil para as microempresas. No caso das empresas de pequeno porte, o limite subirá de R$3,6 milhões para R$7,2 milhões. O projeto ainda será submetido à votação no plenário do Senado e retornará à Câmara dos Deputados. Algo moroso, mas possível de ocorrer pelo clima de indisposição do Congresso Nacional para com o Executivo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se declarou contrário ao projeto, pois ele aumenta a renúncia tributária estimada em mais de R$11 bilhões para a União, Estados e Municípios.
Ecologia com lucro: fundo britânico investirá até US$500 milhões na pecuária de Mato Grosso.
O fundo britânico Althelia Climate Fund planeja investir até US$500 milhões em pecuária sustentável no Mato Grosso até 2017. Os ingleses estimam que podem ter rendimento anual entre 10% e 15%. Esse mesmo fundo acaba de promover o primeiro investimento no estado vizinho - foram 12 milhões de euros para restaurar pastagem degradada e diversificar a produção de gado, preparado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pela Pecsa (Pecuária Sustentável da Amazônia). A expectativa é quadruplicar a produção bovina por hectare, de forma sustentável, sem desmatamento, assegurando rastreabilidade. Eles são o primeiro fundo europeu fazendo essa experiência no Brasil. Afirmam que estão fazendo um programa piloto comercial e a ideia é pegar 200 mil hectares nos próximos anos. Representantes de fundos, organizações climáticas e não governamentais acompanharam em Paris o governador Pedro Taques fazer o anúncio do compromisso e erradicar o desmatamento ilegal até 2020, dez anos antes do prazo estabelecido pelo governo federal. Saiu Blairo Moto Serra de Ouro e entro Taques Ecológico. Uma ótima nova.
Conferência do Clima em Paris: bancos fazem mais barulho que ambientalistas.
A imprensa internacional foi surpreendida pela força dos bancos na Conferência do Clima; eles estão puxando o barulho por uma economia com pouca emissão de carbono. Diariamente, em Paris, engrossa a lista dos anúncios de bilhões de dólares saindo de investimentos poluentes para algum outro investimento de economia limpa. Alguns anunciam que desejam desistir gradualmente de seus investimentos poluentes. Boa parte diz que analisará sua carteira de investimentos para entender quanto está alocado em gás, carvão ou petróleo. Outros anunciam metas de ter mais energia renovável em lojas e fábricas. São sinais concretos de que a ecologia da economia está em curso.
Os estudantes de São Paulo resgataram a política?
Os estudantes paulistanos protestaram contra um plano que, em nome da reorganização escolar, fecharia mais de 90 escolas e remanejaria 300 mil estudantes. Foi um ato de autoritarismo de um governo, que não se dispunha a ouvir os estudantes, enfrentado com a política. Os estudantes ocuparam o espaço público - escolas e ruas - reafirmando a necessidade de dialogar, mostrando que imposição não é bem aceita em um regime que se quer democrático. As ocupações foram recebidas pelo governo como uma afronta à ordem e à autoridade. E o que foi feito? O governo chamou a instituição que restou da ditadura: a polícia militar. Bombas e cacetadas na gurizada. O governo afirmou que era "guerra". Uma guerra que se assemelhou ao fim da famigerada Guerra do Paraguai - brutamontes contra jovenzinhos imberbes e magrelos. Tudo começou na Escola Fernão Dias, a escola que leva o nome de um bandeirante, se tornaria símbolo da resistência ao Palácio dos Bandeirantes. Recusando essa história, os alunos recobriram a estátua do matador de índios, como denominam esse bandeirante, com um saco preto.
Os estudantes protestaram contra a Vale por ter destruído o Rio Doce, contra Eduardo Cunha e Dilma (afirmaram tratar-se de duas faces da mesma moeda), contra a PM do Rio de Janeiro que disparou 111 tiros para fuzilar 5 jovens negros e pela inapetência dos governos em proteger as mulheres grávidas que vivem em estado de terror por ouvir o zumbido de um pernilongo.
Enquanto a política em Brasília, é rebaixada ao "tomaládácá", os jovens paulistanos organizaram-se, deram ao país uma lição de política. Ocuparam 196 escolas. Responsabilizaram-se por elas. Consertaram, limparam e cuidaram de todos os prédios. Impediram que em um país, em que a péssima educação pública escava um abismo, 90 escolas fossem fechadas por decreto. Muitos apanharam e dezenas foram detidos. Centenas, talvez milhares, sofreram as consequências do gás lançado pelos policiais. Mas resistiram e venceram.
Os estudantes protestaram contra a Vale por ter destruído o Rio Doce, contra Eduardo Cunha e Dilma (afirmaram tratar-se de duas faces da mesma moeda), contra a PM do Rio de Janeiro que disparou 111 tiros para fuzilar 5 jovens negros e pela inapetência dos governos em proteger as mulheres grávidas que vivem em estado de terror por ouvir o zumbido de um pernilongo.
Enquanto a política em Brasília, é rebaixada ao "tomaládácá", os jovens paulistanos organizaram-se, deram ao país uma lição de política. Ocuparam 196 escolas. Responsabilizaram-se por elas. Consertaram, limparam e cuidaram de todos os prédios. Impediram que em um país, em que a péssima educação pública escava um abismo, 90 escolas fossem fechadas por decreto. Muitos apanharam e dezenas foram detidos. Centenas, talvez milhares, sofreram as consequências do gás lançado pelos policiais. Mas resistiram e venceram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário