Caroline Maldonado
Com a alta do dólar, que iniciou a semana cotado a R$ 3,027, insumos ficam mais caros e os produtores de soja já se preparam para gastar mais na próxima safra. O plantio, que começa em setembro, deve ter elevação de 30% nos custos, se considerado ainda o aumento no preço do diesel, conforme estima a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O custo médio por saca produzida na safra 2014/2015 foi de R$ 43,00 por hectare, mas no próximo ciclo o valor deve subir para R$ 55,75, segundo o analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Alceu Richetti. Os cálculos apontam que somente o custo por hectare com combustível, que era de R$ 162,24, passará para R$ 173,46, na próxima safra.
A orientação do especialista é focar no planejamento e pesquisa de preços. "O produtor deverá anotar detalhadamente tudo o que for investido, pois somente assim poderá calcular corretamente o seu custo de produção. Deve ainda manter os dados organizados", sugestiona.
Ficar atento aos preços dos insumos é o primeiro passo para controlar os gastos o quanto possível. "O orçamento pode ser feito com base no princípio ativo dos produtos utilizados e não somente com olhar voltado para marca. Existem produtos similares de qualidade e que muitas vezes são mais baratos, apesar de não serem muito conhecidos. Isso pode impactar positivamente o custo de produção da lavoura", explica Alceu.
O acompanhamento dos preços da soja no mercado de futuro também possibilita ao agricultor fazer um planejamento completo da safra, de acordo com o analista, que falou das perspectivas durante encontro no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, na semana passada.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lúcio Damália, destacou que a instabilidade do mercado já preocupa os produtores da região. "Algumas interferências externas, como o aumento dos combustíveis, por exemplo, atrapalham a atividade", disse.
Recorde – Com o encerramento da colheita em abril, Mato Grosso do Sul contabilizou R$ 6,8 milhões de toneladas de soja, de acordo com o Siga (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio). Os dados foram divulgados pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS).
A entidade acompanhou lavouras de soja em 27 municípios, percorrendo 92 mil quilômetros no Estado. Os produtores, que colheram 47,3 sacas por hectare na safra anterior, agora obtiveram em média 49 sacas por hectare, segundo a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS).
A safra superou a estiagem no início do plantio, conforme lembrou o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz. "De maneira geral, nessa safra, devido a antecipação da semeadura, em setembro, e o atraso no plantio, na segunda quinzena de novembro, reduziu os efeitos nocivos causados pela deficiência hídrica", explicou.
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