quarta-feira, 8 de abril de 2015

Policial branco que matou homem negro nos EUA é expulso da polícia

Policial Michael Slager disparou oito vezes contra homem desarmado. 

O agente pode ser condenado à morte.

Da AFP
Policial Michael Slager pode ser condenado à morte na Carolina do Norte. (Foto: Reuters)Policial Michael Slager pode ser condenado à morte
na Carolina do Norte. (Foto: Reuters)
O policial branco preso e acusado na terça-feira pelo assassinato de um homem negro em North Charleston, na Carolina do Sul, foi expulso da polícia, anunciou nesta quarta-feira (8) o prefeito desta cidade do sudeste dosEstados Unidos.
"Quero informar-lhes que o policial foi expulso" da corporação, indicou Keith Summey, durante uma coletiva de imprensa interrompida em várias ocasiões por gritos de algumas pessoas pedindo "justiça". "Nós não toleramos o que está errado, não importa quem" seja o autor, acrescentou.

Summey, que indicou ter visto o vídeo pela primeira vez na terça-feira, reconheceu que as imagens o "perturbaram".
O policial Michael Slager disparou oito vezes contra as costas de Walter Scott, de 50 anos, que estava desarmadao e correu após ser parado em uma operação de rotina na rua, revela um vídeo gravado por uma testemunha e exibido no site do "The New York Times". O incidente ocorreu no  último sábado (4). O agente e a vítima teriam discutido quando o segundo foi parado durante uma blitz porque um dos faróis de seu veículo não funcionava.

O crime provocou uma série de protestos na cidade de Charleston, com manifestantes gritando "fim à violência policial".
O agente, que pode ser condenado à pena de morte, foi levado ao centro de detenção do condado de Charleston, informou a polícia.
O policial Michael Slager é visto atirando nas costas de Walter Scott, um negro de 50 anos, em North Charleston, Carolina do Norte (EUA). Slager foi detido e denunciado por atirar várias vezes e matar o homem, que correu durante abordagem policial (Foto: Reuters)O policial Michael Slager é visto atirando nas costas de Walter Scott, um negro de 50 anos, em North Charleston, Carolina do Norte (EUA). Slager foi detido e denunciado por atirar várias vezes e matar o homem, que correu durante abordagem policial (Foto: Reuters)
O prefeito informou que a cidade recebeu dinheiro para comprar uma centena de câmeras individuais destinadas a equipar os policiais uniformizados.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, declarou por sua vez que este vídeo é "terrivelmente difícil de ser visto", e mostra que o porte de câmeras pelos policiais "será positivo".
Em um comunicado, o departamento de Justiça anunciou que adotaria "as ações apropriadas à luz das provas e dos acontecimentos", indicando que o FBI também abriu uma investigação.
Nas imagens é possível observar como, depois de atirar oito vezes nas costas da vítima, o agente caminha de maneira calma até o homem, que agoniza no chão, e o algema.
Slager, de 33 anos, parece recolher do chão um dispositivo que teria caído durante a discussão e o deixa ao lado da vítima, que morreu pouco depois.
Tensões raciais
O pai da vítima, também chamado Walter, afirmou nesta quarta-feira que está devastado com a morte do filho. "A maneira como atiraram, parecia que ele (o policial) estava tentando atirar contra um cervo (...) Nem sei se é racismo ou tem um problema mental", declarou ao canal NBC. Ele também agradeceu "a Deus que as autoridades tenham o vídeo".
Em uma entrevista coletiva na terça-feira à noite, um irmão da vítima perguntou o que teria acontecido sem as imagens. "Se não existisse um vídeo, saberíamos a verdade? Mas agora conhecemos a verdade" disse.
Os parentes da vítima chamaram de "herói" a pessoa que filmou a cena da morte de Scott.

O incidente pode reavivar as tensões raciais nos Estados Unidos, onde a morte em agosto de 2014 de um jovem negro desarmado na cidade de Ferguson (Missouri) deflagrou uma onda de protestos contra a violência policial envolvendo minorias.
O policial de Ferguson não foi denunciado por falta de provas, mas o departamento de Justiça publicou um relatório expondo as práticas racistas da polícia e de altos funcionários municipais

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