O Prêmio Claudia 2015 anunciou suas candidatas. Todas elas são mulheres que mudam o Brasil para melhor por meio de atitudes inspiradoras.
Em 20ª edição, o Prêmio Claudia, maior premiação feminina da América Latina, tem sete categorias, que correspondem a campos de atuação: Trabalho Social, Ciência, Cultura, Negócios, Revelação, Políticas Públicas e Consultora Natura.
A premiação será realizada em outubro, em São Paulo (SP). Para votar nas candidatas, você pode clicar aqui. Para conhecer o regulamento, você pode clicar aqui.
Trabalho Social
Dagmar Garroux (Tia Dag), 61 anos, pedagoga
É preciso percorrer quatro lances de escada e disputar espaço com crianças que surgem de todos os lados até chegar à sala da administração da Casa do Zezinho, imóvel de paredes coloridas, com 3,2 mil metros quadrados, situado na zona sul da capital paulista. Ali fica Dagmar Garroux, a “tia Dag”, como é mais conhecida a pedagoga que, há 21 anos, fundou a instituição. Ela fala rápido, delega tarefas à equipe de 100 funcionários e vai contando os feitos dos seus Zezinhos, como são chamados os jovens atendidos pela ONG. “Uma era doméstica e hoje cursa arquitetura na faculdade Belas Artes, o outro é um excelente webdesigner; e por aí vai”, diz, orgulhosa. Na casa, quase 2 mil moradores dos bairros Santo Antônio, Capão Redondo e Jardim Ângela, uma das regiões mais violentas do país, recebem aulas de informática, línguas, música e esportes, entre outras. Para concorrer a uma vaga, é necessário entrar numa lista de espera que, atualmente, tem mil nomes.
Filha de um casal de classe média alta que, em meados do século passado, já se preocupava em registrar seus empregados domésticos e incentivar que estudassem, Dagmar se interessou pela educação e pela favela ainda criança. Aos 14 anos, realizou seu primeiro trabalho voluntário. Durante a ditadura militar, dedicou-se a atender filhos de exilados políticos. A Casa do Zezinho nasceu quando ela e o marido abrigaram meninos ameaçados de morte por grupos de extermínio.
Tia Dag é educadora, mas seu projeto não se restringe à educação. No quarteirão vizinho à Casa do Zezinho funciona o Se Cuida, Zezinho, clínica de medicina integrativa que oferece consultas à população local. Meses atrás, ao ouvir o relato de uma garotinha que, aos 4 anos, era incentivada pela avó a vender em bares de São Paulo flores roubadas, tia Dag percebeu que precisava ir além. “A família toda é carente”, diz. Assim, surgiram seus dois mais recentes projetos. Um deles, o Maria Zezinho, propõe a troca de conhecimentos entre netos e avós da comunidade. Os garotos ensinam informática às mulheres mais velhas, e elas os instruem sobre ofícios como costura e culinária. “Coloco minhas habilidades em prática e ainda ganho com isso”, afirma com lágrimas nos olhos Neide Caldas, 65 anos, que recebe 1,2 mil reais para dar aulas de artesanato. Tia Dag criou também o Mãe Zezinho, que funciona onde antes havia um ponto de drogas. Ali, as adolescentes que cuidam de crianças enquanto os adultos trabalham recebem instruções sobre saúde, educação, higiene e desenvolvimento infantil.
Juliana de Faria, 30 anos, jornalista
Desde sempre, as brasileiras foram acostumadas a se manter caladas diante da violência sofrida na rua. O estilo caliente dos homens latinos é usado como justificativa para que as cantadas – gritadas ou sussurradas – fossem encaradas como meros elogios. Quem se incomodava, em geral, sofria em silêncio; afinal, a reclamação soava como frescura, mau humor ou modéstia disfarçada. Graças à inquietação da jornalista Juliana de Faria, o assédio sexual em lugares públicos está, aos poucos, ganhando má fama. Ao lançar a campanha Chega de Fiu Fiu, em seu blog, o Olga, em 2013, a paulistana rapidamente conquistou simpatizantes e conseguiu dar roupa nova à causa feminista, naquele momento restrita a grupos isolados. “Até há pouco, feminista era sinônimo de extremista ou doida”, afirma a mexicana Nadine Gasman, representante do escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres no Brasil. “A campanha de Juliana foi muito inovadora e exitosa, pois usou as redes sociais para chamar a atenção para um problema latente e disseminá-lo”, diz ela.
A faísca que motivou a jornalista a gritar na internet pelo fim das cantadas foi o episódio em que o diretor de teatro Gerald Thomas enfiou a mão por baixo da saia da modelo Nicole Bahls enquanto ela o entrevistava para a televisão. “Fiquei chocada; ainda mais quando vi que, nas redes sociais, havia pessoas que eu conhecia apoiando aquela atitude”, conta. Em menos de uma hora, 100 pessoas compartilharam o link da campanha. O blog gerou o fórum online Think Olga, onde as mulheres discutem e repercutem o tema à exaustão. De lá para cá, o feminismo tomou de vez a vida da paulistana, que virou alvo frequente – quanta ironia! – de assédio moral e sexual na internet. Chega de Fiu Fiu foi e é ainda objeto de reportagens dos mais importantes veículos de comunicação brasileiros e estrangeiros.
No fim do ano passado, Juliana foi chamada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo para elaborar uma cartilha sobre assédio sexual, com orientações sobre o que é e como denunciar, distribuída à população. Além disso, em parceria com a socióloga Bárbara Castro, escreveu o e-book Meu Corpo Não É Seu – Desvendando a Violência contra a Mulher (Companhia das Letras). No dia a dia, ela mal dá conta da agenda de tantos convites que recebe para palestras, entrevistas ou mesas-redondas sobre o assunto – sinal de que a reflexão e a discussão sobre o tema são urgentes. Sua inquietação, porém, não tem fim. Juliana acaba de fundar com outras duas sócias a Eva, consultoria que pretende ajudar a mídia a tratar a mulher de forma respeitosa.
Sula Sevillis, 55 anos, radialista
Alderina Castro Sobrinho morava na cidade tocantinense de Palmeirinha e tinha só 12 anos quando viu os pais pela última vez. Ela havia viajado até uma cidade vizinha e, ao voltar para casa, não encontrou ninguém. Pai e mãe tinham sido levados pelos irmãos mais velhos para morar na Ilha do Bananal (TO) sem deixar rastro. No ano passado, 47 anos depois desse episódio, Alderina mandou um recado para o programa Ponto de Encontro, idealizado e apresentado pela comunicadora Sula Sevillis, na Rádio Nacional da Amazônia, da Empresa Brasileira de Comunicação (antiga Radiobrás).
A mensagem foi ouvida por uma moradora da ilha, que anotou os contatos dela e os levou a seus irmãos. Em janeiro deste ano, a família se reencontrou.
A mensagem foi ouvida por uma moradora da ilha, que anotou os contatos dela e os levou a seus irmãos. Em janeiro deste ano, a família se reencontrou.
São laços como esses que Sula ajuda a resgatar de segunda a segunda, das 10 às 12 horas, enquanto fica no ar. A ideia do programa surgiu há três décadas, quando, então recém-formada, percebeu que a rádio recebia um volume enorme de cartas de ouvintes, mas nem sempre podia responder a tempo de surtirem algum efeito. Eram, principalmente, mensagens de migrantes que perdiam contato com seus parentes e aproveitavam o grande alcance da emissora para enviar notícias. Abriu-se, então, um espaço só para eles, que, ainda hoje, o utilizam também para trocar mensagens tão prosaicas quanto a de Lucilene, do Maranhão. Na manhã do dia 6 de abril, ela pediu a Sula para avisar Dora que prendesse os porcos, pois, no dia seguinte, o Hernandes iria buscá-los.
Nem a chegada da internet e dos celulares reduziu o impacto do trabalho de Sula. “A tecnologia contribuiu, sim, mas para recebermos ainda mais contatos. A Rádio Nacional atinge potencialmente 60 milhões de pessoas em toda a Região Norte e também na Bahia, no Maranhão, Piauí, Mato Grosso, Tocantins, em Minas Gerais e Goiás. É ouvida até em zonas remotas da Floresta Amazônica”, conta. Há tanto tempo no ar, ela reconhece, pela voz, os ouvintes mais assíduos – de índios do Xingu a agricultores gaúchos que migraram para o Mato Grosso. “Eles são o meu motor. Às vezes, chego cansada ou triste e, quando começo o programa, recupero minha energia”, diz. A cada mês, Sula atende cerca de 600 pessoas, que entram em contato por e-mail, ligações para a central do ouvinte ou mesmo para o próprio programa, ao vivo. Por ano, são promovidas dezenas de reencontros. “Graças ao impacto social do serviço que Sula presta, o Ponto de Encontro é o carro-chefe da nossa programação”, afirma Luciana Couto, coordenadora da Rádio Nacional da Amazônia.
Ciência
Mariangela Hungria, 57 anos, agrônoma
Diante de uma situação familiar desfavorável, é comum que muitas mulheres abandonem os estudos quando engravidam. Mariangela Hungria, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa da Soja da Embrapa, em Londrina (PR), quase seguiu esse destino. Aos 19 anos, no terceiro semestre da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), ela deu à luz Carol, sua primogênita. Mas, apoiada pelos avós, seguiu com a faculdade. “Levava o bebê para as aulas”, conta. Menos de um ano depois, teve a segunda filha, Marcela, que nasceu com necessidades especiais. A busca por uma vida em que pudesse trabalhar e dar boas condições às crianças, somada à paixão pelo estudo de plantas e micro-organismos, motivou Mariangela a se tornar a maior especialista brasileira em Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), método crucial para a expansão da soja no país.
Para ter ideia do impacto do trabalho da agrônoma, é preciso entender a dimensão da soja na nossa agricultura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial do grão. Perde apenas para os Estados Unidos. Na safra mais recente, foram colhidos 94,5 milhões de toneladas aqui ante 108 milhões de toneladas americanas. O alimento só pôde ser exportado a um preço competitivo graças à FBN, que substitui fertilizantes sintéticos por bactérias inofensivas capazes de fixar o nitrogênio presente na atmosfera nas raízes da soja, o que aumenta sua produtividade e resistência. A diferença de gastos no plantio é imensa: se fossem usados químicos, 1 hectare de soja custaria cerca de 750 reais; com a FBN, o custo cai para 5 reais. Outra vantagem é a redução das emissões de carbono, já que a produção dos fertilizantes consome petróleo. Ao dispensar o produto, deixa-se de emitir 52 milhões de toneladas de carbono por ano.
Em quase três décadas de trabalho, Mariangela já realizou mais de 150 estudos nas regiões onde há soja no Brasil e desenvolveu 20 tecnologias relacionadas ao método da fixação biológica. É consultora também da Fundação Bill e Melinda Gates para projetos de FBN na África. Nas áreas mais pobres e famintas de países como Quênia e Zimbábue, tem ajudado a introduzir a cultura da soja, alimento mais nutritivo do que os normalmente cultivados ali. O resultado é o incremento econômico das famílias de agricultores e a redução da desnutrição. “Mariangela tem ânsia para ver as mudanças e está sempre querendo aprender e fazer melhor”, afirma Ken Giller, coordenador do N2Africa, da Fundação Bill e Melinda Gates.
Maria Goretti dos Sales Maciel, 55 anos, médica
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Quem já acompanhou de perto um parente ou amigo querido até a morte sabe quanto esse calvário é doloroso. É para aliviar tal sofrimento que Maria Goretti dos Sales Maciel vem trabalhando duro nas duas últimas décadas. “Sou uma médica que cuida de quem vai morrer”, resume essa pernambucana de fala mansa, mãe de dois filhos, maratonista e cantora de coral nas poucas horas vagas. Sua luta começou no final dos anos 1990. Na época, Goretti fazia atendimentos domiciliares a pacientes do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e visitava pessoas em estado avançado de males incuráveis. “Eles sentiam muita dor, alguns ficavam deprimidos. Eu precisava encontrar uma maneira de mitigar tudo aquilo”, diz.
Foi então que ganhou de uma colega, também médica, um manual estrangeiro sobre cuidados paliativos, método ainda pouco conhecido na época. Baseado numa abordagem multidisciplinar, tem como objetivo levar conforto e dignidade a pacientes com doenças que ameaçam a vida e que frequentemente estão a poucos meses ou dias de morrer. Eles recebem atendimento integral – uma equipe formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e até representantes de religiões dá apoio ao doente e a seus familiares. Quando necessário, são indicadas altas doses de analgésicos, por exemplo. Em hipótese alguma, os pacientes têm mãos ou pernas amarradas, estratégia comum nos hospitais convencionais para evitar que puxem fios e tubos no intuito de abreviar o próprio sofrimento. Se lhes sobram apenas sopros de vida, raramente são entubados. Em vez disso, recebem medicamentos que aliviam a falta de ar e permitem que a morte chegue naturalmente. Mais: eles têm a oportunidade de escolher onde, como e com quem querem estar nos minutos finais.
Goretti logo pôs em prática os novos conhecimentos – inaugurou uma enfermaria exclusiva para seus pacientes no Hospital do Servidor em 2002 e hoje é a principal responsável por difundir o método no Brasil. Um dos passos mais importantes que ela deu nesse sentido foi sua participação na Câmara Técnica sobre Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos do Conselho Federal de Medicina (CFM). “Goretti foi a mola mestra de todo o nosso trabalho”, afirma o cardiologista Roberto D’Ávila, presidente do CFM entre 2009 e 2014. Hoje, graças ao esforço do grupo do qual a médica fez parte, os cuidados paliativos são um direito do paciente e um dever do médico, garantido pelo CFM, em 2006, e pelo novo Código de Ética Médica, de 2009.
Maria Isabel Achatz, 45 anos, geneticista
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Em 1999, Maria Isabel Achatz, então estudante da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, ficou muito curiosa com o caso de uma paciente. À época com cerca de 50 anos apenas, aquela senhora já tinha sido vítima de cinco cânceres. Ao conhecer o drama dela, a estudante correu intrigada para a biblioteca. Lá, descobriu a síndrome descrita em 1979 pela dupla de médicos Frederick Pei Li e Joseph Fraumeni, mutação genética hereditária no gene Tp-53 que predispõe seus portadores a diversos cânceres antes dos 45 anos. Em 10% dos pacientes, os tumores aparecem ainda na primeira infância. “Ela tem Li-Fraumeni!”, pensou como quem grita “eureca!” Até então, porém, havia somente 210 casos registrados no mundo todo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Tratava-se, portanto, de algo bem raro.
A estudante não se conformou e foi além. Com o ouvido atento para o relato dos pacientes, registrou outros casos semelhantes. Alguns anos depois, já médica do A.C. Camargo Cancer Center, Maria Isabel participava de um congresso em Paris quando o pesquisador Pierre Hainaut, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, em Lyon, na França, interessou-se pelo trabalho dela. “Há algo muito especial acontecendo no Brasil”, disse o cientista à jovem, então grávida de seu quarto filho. Começava ali uma parceria que dura até hoje. Hainaut esperou que a geneticista tivesse seu bebê e preparasse o material para que eles pudessem testar em laboratório as amostras dos tumores colhidas pela equipe brasileira.
Os trabalhos avançaram tanto que, em 2009, a dupla descobriu um ancestral comum para os portadores de Li-Fraumeni no Brasil: um tropeiro português que percorreu o Sul e o Sudeste em meados do século 18, deixando descendentes com seu gene modificado. Em algumas cidades dessas regiões, uma a cada 300 pessoas apresenta a síndrome. Isso significa que há famílias inteiras vítimas de câncer, como a da estudante Mayara Gromboni, que, aos 19 anos, já sofreu com 14 tumores malignos. O primeiro, um linfoma, surgiu quando ela tinha só 7 anos. Mayara e seu irmão, Marcelo, 24 anos, herdaram a mutação do pai, que morreu aos 44 anos da doença. O rapaz tem um câncer de cérebro controlado. “Sabendo que tínhamos Li-Fraumeni, descobrimos os tumores precocemente e pudemos nos tratar com rapidez”, diz Mayara. O próximo passo de Maria Isabel, hoje diretora do Departamento de Oncogenética do Hospital A.C. Camargo, é mapear o Brasil e oferecer acompanhamento a todos os pacientes sob risco.
Cultura
Berna Reale, 49 anos, artista
No coração do bairro Cidade Velha, em Belém, em uma rua estreita, cheia de casas com portas que dão para a calçada e muros manchados de preto pelo tempo e pela umidade, mora Berna Reale. Erra quem a define apenas como artista plástica. O trabalho da paraense extrapola os limites do título. Berna faz performance, instalações, fotografias e vídeos, sim, mas não se restringe às manifestações visuais. Ela tempera tudo com dramaturgia e recheia de crítica social. Seu tema central é a violência – contra a mulher, contra os pobres, contra os eleitores. No ano passado, por exemplo, Berna percorreu as ruas da capital paraense com 48 adolescentes vestidas com uniforme colegial (camisa branca, saia plissada rosa na altura dos joelhos, meias 7/8 e sapatilhas). Cada uma delas levava entre os lábios próteses de resina que as deixavam com aparência de bonecas infláveis, forma de discutir o tratamento de objeto sexual tantas vezes dado à mulher. Para realizar Quando Todos Calam, que denuncia a brutalidade na região do mercado Ver-o-Peso, em Belém, passou quatro horas nua sobre uma mesa ao ar livre. Tinha vísceras bovinas sobre o ventre e estava rodeada por bandos de urubus. E, para gravar o vídeo Americano, trabalho com o qual ela representa o Brasil na 56a Bienal de Arte de Veneza até novembro, a artista percorreu os corredores e muros de um presídio superlotado, levando uma tocha acesa nas mãos, na tentativa de iluminar o incentivo que aquele ambiente dá à propagação da agressividade.
O trabalho de Berna é impactante, chocante às vezes, mas ela é uma mulher doce, que gosta de cozinhar caranguejo em casa nos fins de semana, tomar cerveja enquanto assiste ao pôr do sol na Estação das Docas e passar os domingos “carinhando” as filhas, já adultas, e o namorado, Victor. A vida caseira e o emprego de perita criminal da Polícia Civil, que é seu ganha-pão e também sua fonte de inspiração artística, estão suspensos por alguns meses, porém. Além da participação no Pavilhão Brasil, em Veneza, Berna levou sua obra aos italianos que não frequentam a principal bienal das artes mundiais. Projetou alguns de seus vídeos nas paredes de um bairro veneziano e batizou o trabalho de Eccoci! (“Estamos aqui!”). Mais: em maio, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça, um dos mais importantes das artes visuais brasileiras, e agora está em viagem pela Rússia, China, Índia e África do Sul para produzir obras que integrarão o Programa Rumos Itaú Cultural que entra em cartaz em agosto em São Paulo. “Berna é uma mulher e uma artista extraordinárias”, diz o curador de arte Agnaldo Faria. “O trabalho dela tem qualidade, condição e contundência.”
Juliana Vicente, 30 anos, cineasta
Foi o sentimento de “desencaixe” que engrenou Juliana Vicente na vida. Ela é negra, mas não é pobre – o que, no Brasil, ela faz questão de apontar, infelizmente ainda chama atenção. Seus pais prosperaram quando jovens graças a uma empresa própria de aluguel de equipamentos para a construção civil. Com muito trabalho, criaram os quatro filhos e proporcionaram a eles todo o conforto de uma típica família de classe média, no interior de São Paulo. “Mas nós sofríamos muito por sermos negros, sobretudo na escola particular onde estudávamos”, diz Juliana. Depois de mudar para a capital, ela se formou em cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), onde o problema continuou. “Eu sentia sempre que devia explicar que era meu pai quem pagava a mensalidade, não os patrões dele ou alguma alma caridosa.” Tal desconforto foi o motor para o trabalho da cineasta. Já na universidade, colocou para fora sua inquietação. Em Cores & Botas, seu trabalho de conclusão de curso – autobiográfico –, Juliana conta a história de uma menina negra que tem o sonho de entrar para o time das (loiríssimas) paquitas da Xuxa. O curta foi exibido em diversos festivais de cinema, como o de Havana, em Cuba, em 2010, e o Iberoamericano de Huelva, na Espanha, no ano seguinte.
Desde então, Juliana tem contado em sua produtora, a Preta Portê Filmes, histórias dos menos favorecidos: negros, pobres, mulheres, gays, lésbicas, bi e transexuais. “Não consigo fazer arte somente pela arte”, diz a cineasta, que, em 2012, firmou uma parceria com o grupo de rappers Racionais MCs. Para a banda de Mano Brown, ela fez o videoclipe Marighella, da canção sobre o guerrilheiro que combateu a ditadura militar brasileira na década de 1960. “Juliana tem um olhar especial e sabe produzir muito bem com poucos recursos, sem frescura”, afirma o DJ dos Racionais, KLJ. Em maio, o longa La Tierra y la Sombra, do qual assina a coprodução, ganhou o Prêmio Câmera de Ouro, em Cannes. O filme é sobre um camponês que, depois de 17 anos ausente, volta para sua família de agricultores de cana. Nesse mesmo mês, foi para os cinemas Anna K., a respeito de uma mulher (vivida pela atriz Leona Cavalli) que tem dupla personalidade e acredita ser Anna Karenina, a personagem de Leon Tolstoi. E, no ano passado, Juliana produziu e dirigiu dois curtas-metragens para o Canal Futura: Escola das Águas, sobre uma escola no meio do Pantanal, e As Minas do Rap, que mostra a participação feminina no movimento musical.
Renata Meirelles, 44 anos, pesquisadora
Brincar é a principal e mais importante atividade da infância. É por meio dela que os pequenos investigam o mundo em que vivem e se preparam para amadurecer. Com seus bonecos, carros, comidinhas e fantasias, meninos e meninas descobrem novas emoções e experimentam sensações. Amam, odeiam, sofrem, alegram-se e, assim, fazem um treino complexo e rico para a vida adulta. “Fui uma criança que brincou muito e, mesmo depois de crescer, continuei apaixonada pelo tema”, afirma a pesquisadora Renata Meirelles, que sempre aproveitou viagens com amigos para observar rodas de crianças dos lugares que visitava. Em 2000, ela conheceu o americano David Reeks, que estava de férias no Brasil e cultivava o hábito de gravar os sons do país – a feira, o trânsito, as conversas de bar. Começaram a namorar, e ela fez a ele uma proposta: “Vamos para a Amazônia registrar as brincadeiras de crianças em vídeo?” Juntos, os dois visitaram 16 comunidades indígenas e ribeirinhas do Amapá, Pará, Amazonas, Acre e de Roraima para realizar o projeto que batizaram de Bira – Brincadeiras Infantis da Região Amazônica. Com ele, conheceram o pião de tucumã (semente dura e resistente), o bole bole (brincadeira que usa 20 pedrinhas) e a espingardinha de taboca (feita com um tipo de bambu e espinhos, usada para caçar insetos). O material das viagens resultou em documentários de curta metragem, apresentações, oficinas e palestras para escolas e no livro Giramundo, vencedor do Prêmio Jabuti.
Em 2012, já mãe de dois meninos (Sebastião e Constantin, então com 5 e 3 anos, respectivamente), Renata fez uma nova proposta a David: viajar pelo Brasil para registrar brincadeiras em diversos tipos de cultura. Proposta aceita, a família passou dois anos na estrada para realizar o projeto Território do Brincar. Durante as viagens, ela promoveu intercâmbios com educadores de escolas a quem, por Skype, contava e mostrava o que tinha visto. Depois, discutiam temas como trabalho infantil. As pesquisas do casal também renderam uma exposição itinerante que percorre escolas, festivais e praças Brasil afora e o documentário Território do Brincar, que estreou nos cinemas no mês passado. Agora, ela tem em fase de produção uma série infantil para televisão e outro livro. “O trabalho de Renata escancara a potência da infância e nos mostra quanto é importante zelarmos por ela”, diz a educadora Josca Ailine Baroukh, da Escola Vera Cruz, em São Paulo. No próximo ano, Renata quer levar a família para uma nova jornada em busca de brincadeiras. Desta vez, pelo mundo.
Negócios
Raquell Guimarães, 35 anos, estilista
Em um canto de Minas Gerais, mãos atentas e precisas tecem fios de lã com agulhas de tricô ou crochê. Assim, ocupam o tempo e espantam maus pensamentos. A cena seria absolutamente comum não fossem por alguns detalhes. Os artesãos são homens, presos no Complexo Penitenciário Público-Privado de Ribeirão das Neves, a 40 quilômetros de Belo Horizonte. “Mulheres conversariam, mas nós fazemos silêncio para não perder a concentração nem errar a contagem dos pontos”, explica Tiago Duarte de Almeida, 26 anos, condenado por tráfico e porte de armas. Ele e seus colegas de ateliê fazem parte da equipe da estilista Raquell Guimarães. Foi graças à contratação de condenados que a mineira conseguiu alavancar sua marca, a Doiselles. Hoje, uma peça custa em média 800 reais. Blusas, coletes e cachecóis são vendidos em países como Japão, França e Estados Unidos.
Criada entre a fazenda da família e as tecelagens do pai e do avô, Raquell cursou moda enquanto trabalhava como aeromoça. Recém-formada, abandonou a aviação e montou um ateliê de tricô em Juiz de Fora, sua cidade natal, onde tricotava com a mãe e a avó. Depois de apresentar sua produção para a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, em 2008, foi chamada a participar de uma feira em Paris, na qual fechou vários pedidos. Na volta, deu-se conta de que não dispunha de mão de obra para tantas entregas. Tentou solucionar a questão contratando donas de casa. “O problema era que, como cada uma trabalhava na própria residência, ficava difícil seguir um padrão de acabamento”, conta a estilista. Foi então que Raquell teve a ideia de empregar detentas do presídio local. Em uma conversa com a administração da penitenciária, conseguiu permissão, mas havia uma ressalva: ela só poderia usar mão de obra masculina – para aproveitar um ateliê já montado no presídio para a manufatura de tapetes. O desafio foi aceito, mas havia outro obstáculo pela frente. Ela teria de se responsabilizar pela entrada de agulhas na cadeia. “Pedi para falar pessoalmente com eles e levei duas agulhas comigo. Queria sentir o clima.”
No mês passado, Raquell transferiu o ateliê para o presídio de Ribeirão das Neves, mais próximo de Belo Horizonte, onde ela vive agora. Lá trabalham 30 homens. “Minha mãe já me pediu para ensiná-la a tricotar quando eu sair daqui”, conta Almeida, que está a cinco meses de ser libertado. Cada três dias de trabalho rende ao detento um dia a menos na cadeia e recebem três quartos de um salário mínimo por mês para usar em liberdade. “Raquell devolveu sensibilidade a mãos violentas”, diz o psicólogo Genilson Ribeiro, gerente de atendimento do complexo.
Ana Lúcia Fontes, 49 anos, empresária
Avida nunca foi muito fácil para a alagoana Ana Lúcia Fontes. Seu pai era torneiro mecânico. Sua mãe, costureira. Dos seus sete irmãos, dois morreram ainda na primeira infância: um foi vítima de coqueluche e o outro de diarreia. Em 1979, sua família migrou para Diadema, na Grande São Paulo. De ônibus. Ana começou a trabalhar na adolescência. Seu salário ajudava a custear o sustento da família. Formada em escola pública, ela passou no vestibular para propaganda e marketing em uma faculdade privada. O dinheiro economizado em anos era suficiente apenas para a primeira mensalidade. Faltava a matrícula. Ela fez, então, um empréstimo com uma vizinha. Recém-formada, conseguiu um emprego na Volkswagen, onde trabalhou por quase duas décadas e conquistou postos importantes na sua área. Ter uma carreira bem-sucedida não a livrou de sofrer preconceitos. “Em um processo seletivo, ouvi que meu currículo era perfeito para a vaga. O problema era o fato de eu ser mulher”, conta Ana Lúcia. Ser nordestina e de origem humilde também foi empecilho em incontáveis momentos.
Há seis anos, já em outro emprego e depois de duas gestações muito difíceis (sua primogênita morreu no parto), a empresária decidiu adotar uma criança. Ao voltar para o trabalho, três dias depois de receber Evelyn, então com 10 meses, foi rechaçada. Os colegas estavam injuriados, pois ela teria direito à licença-maternidade. Foi a gota d’água. Pediu demissão e, com amigos, montou um negócio. A sociedade não foi para a frente, mas Ana Lúcia passou no concorrido programa 10 000 Mulheres, da Fundação Getulio Vargas, e, enquanto aprendia a empreender, foi escrevendo sobre o processo em um blog e em uma página do Facebook – hoje com 200 mil seguidoras e outras 25 mil participantes de um grupo de discussão. O compartilhamento de experiências deu origem ao Rede Mulher Empreendedora, cujo objetivo é ajudar empresárias. Mantida por apoiadores, como Sebrae e Itaú, o principal serviço da rede é o Café com Empreendedoras, evento mensal que já atendeu 7 mil mulheres. Além da rede, Ana Lúcia mantém dois outros negócios: um espaço de coworking e a Virada Empreendedora. “O empreendedorismo entre as mulheres é muito frequente, mas geralmente elas trabalham sozinhas, o que enfraquece o negócio e aumenta o risco de fracasso”, diz Ariadne Mecate, consultora de marketing do Sebrae. “Ana foi pioneira na criação de um canal de apoio e troca de ideias para esse público.”
Alcione Albanesi, 53 anos, empresária
Qualquer coisa que Alcione Albanesi faça vira negócio. E dos promissores. Ainda na adolescência, a paulistana decidiu que aprenderia inglês fora do país. Para isso, teve de dobrar os pais e convencê-los a pagar um intercâmbio. Na volta da temporada nos Estados Unidos, sua mãe a colocou em um curso de postura e bons modos. “Eu estava muito torta”, conta. Nas aulas, conheceu modelos e, graças a seu porte físico, começou a desfilar também. Mas foram os tecidos e a possibilidade de vendê-los o que mais atraiu a jovem. Aos 17 anos, Alcione abriu uma confecção de roupas femininas, a My Style. Em poucos meses, já tinha 80 funcionários e vendia para grandes redes, como C&A, Pernambucanas e Marisa. A empresa ia bem, mas ela queria mudar de ramo. No início da década de 1990, então, vendeu a confecção e abriu uma loja de material elétrico na Rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. No início do novo empreendimento, em sua primeira viagem à China (ela já fez 71), Alcione foi apresentada por um fornecedor às lâmpadas econômicas eletrônicas, que gastam menos energia do que as incandescentes e ainda não estavam disponíveis no Brasil. Empolgada com a descoberta, comprou um lote para vender por aqui. A importação foi o pontapé para a abertura da FLC, que se tornou uma gigante nacional de iluminação e hoje é responsável por 36% do mercado de lâmpadas econômicas no país.
No ano passado, Alcione deu outros dois passos importantes em sua carreira. Um deles foi abrir uma fábrica de lâmpadas de LED no Brasil, a primeira do país a também desenvolver e estudar a tecnologia – que custa mais, mas garante maior durabilidade, eficiência e economia de energia e de recursos naturais. Em seguida à inauguração, veio a segunda mudança significativa de rumos: ela resolveu abrir mão da presidência da FLC para se dedicar a outro negócio; este, social. Vendeu, então, 80% das ações a um fundo de investimentos e passou a atuar apenas como conselheira. Hoje, gasta a maior parte de seu tempo envolvida com a Amigos do Bem, instituição que auxilia pessoas carentes de regiões do interior de Alagoas, Pernambuco e do Ceará.
O empreendimento foi criado por Alcione em 1993. Naquele ano, ela e um grupo de amigos trocaram a fartura do Natal em família e se mandaram para o sertão nordestino levando alimentos e roupas para a população carente. Atualmente, a Amigos atende 60 mil pessoas e conta com o trabalho de 5 mil voluntários, entre eles médicos, dentistas e professores. Eles atuam em clínicas, escolas e duas fábricas, uma de doces e outra de castanhas. “Meu objetivo, agora, é fazer da Amigos do Bem o maior negócio social do Brasil.”
Revelação
Camila Achutti, 23 anos, cientista da computação
A cena se repetia com frequência: Roberto Achutti atendia o telefone e conversava com algum colega de trabalho sobre algo que soava ininteligível. Interessadíssima e empenhada em aprender aquela “outra língua”, a pequena Camila Achutti prestava muita atenção no pai, especialista em tecnologia da informação. Ao fim do papo, entretanto, ela só entendia que ele resolvera algo importante. “Cresci com a certeza de que trabalharia com programação”, diz a jovem de 23 anos, criadora do blog Mulheres na Computação, que atualmente recebe 30 mil visitantes por mês e fez dela uma das principais porta-vozes da militância pela igualdade de gêneros
na informática. Em maio, ela foi laureada estudante mais visionária pelo instituto internacional Anita Borg, que incentiva a participação feminina na tecnologia.
na informática. Em maio, ela foi laureada estudante mais visionária pelo instituto internacional Anita Borg, que incentiva a participação feminina na tecnologia.
O ingresso na faculdade de ciência da computação da Universidade de São Paulo, em 2010, porém, não foi tão entusiasmante. Dos 50 alunos, Camila era a única mulher. “Fiquei intimidada e voltei para casa achando que aquilo não era lugar para mim.” Incentivada pela mãe, resolveu insistir por mais algumas semanas. Nessa fase de teste, encontrou a foto da primeira turma do curso, formada em 1971. Para seu espanto, 70% das alunas eram mulheres. Intrigada, Camila fez uma pesquisa e levantou algumas hipóteses plausíveis para tal disparidade. Naquela época, os computadores eram utilizados apenas nas universidades ou nos escritórios mais modernos, para facilitar o trabalho das secretárias – postos já ocupados por mulheres. Além disso, elas não eram responsáveis pelo sustento da família
e podiam se arriscar em profissões não consolidadas. O jogo virou quando, a partir da década de 1980, o negócio passou a movimentar fortunas. Tomar conhecimento da história deu ânimo especial à estudante.
e podiam se arriscar em profissões não consolidadas. O jogo virou quando, a partir da década de 1980, o negócio passou a movimentar fortunas. Tomar conhecimento da história deu ânimo especial à estudante.
Ao final do primeiro ano de curso, Camila começou a escrever em seu blog sobre o papel das meninas na computação. Aproveitava o espaço para compartilhar o conhecimento adquirido nas aulas com uma linguagem mais simples. Logo ganhou seguidoras de todo Brasil. A jovem também chamou a atenção dos organizadores do Technovation, evento que desafia garotas a criar aplicativos para ajudar a resolver um problema da comunidade. Camila tornou-se embaixadora da competição, que, em sua última edição, teve mais de 1,5 mil inscritas. Sua reputação foi além: em 2013, recebeu um convite para fazer um estágio na sede americana do Google. Ao regressar, veio outra proposta: trabalhar na Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e ajudar a conectar a geração que já nasceu em um mundo digital com as oportunidades do futuro.
Lorrana Scapioni, 25 anos, empresária
Sensibilizada pela miséria e corrupção que assolam Esplanada, cidade onde passou grande parte da infância, no interior da Bahia, desde muito cedo Lorrana Scapioni procurou uma forma de ajudar o próximo. Em buscas na internet, descobriu os conceitos de economia alternativa e colaborativa, formas inovadoras de fomentar trocas de produtos e serviços sem a mediação de dinheiro. “Certa vez, passei a noite assistindo a palestras e documentários sobre o assunto e tive a ideia de criar um site de troca de tempo”, conta. Nascia ali o Bliive, rede online em que qualquer um, esteja onde estiver, pode oferecer sua força de trabalho a outras pessoas. O tempo gasto com a tarefa é computado em TimeMoney, espécie de moeda virtual, e pode ser trocado por outro serviço do qual o usuário necessite. A carioca Luciana Fiaux, por exemplo, cadastrou-se na plataforma há um ano, quando quis decorar seu apartamento. Dispôs-se a ajudar quem precisasse organizar as finanças. “Deu tão certo que atualmente há uma lista de espera para conseguir meu serviço”, afirma ela, que acabou construindo uma nova carreira, a de coach financeira.
Naquele começo, havia, entretanto, um desafio imediato: conseguir dinheiro para colocar o projeto do site de pé. Então estudante de direito e relações-
-públicas no Paraná (para onde sua família mudara quando Lorrana tinha 4 anos), ela usou a bolsa do estágio de meio-período na Procuradoria Geral da República e os cerca de 12 mil reais que seus pais haviam guardado para sua festa de formatura.
A inovação chamou atenção. Em 2014, o Bliive foi um dos selecionados pelo projeto Sirus, do governo britânico, que oferece 50 mil libras para empreendedores levarem seu negócio para o país. Já com uma equipe de oito pessoas, a baiana migrou para a Escócia, onde montou parte das operações da plataforma. Quase ao mesmo tempo, mais um reconhecimento: Lorrana integrou a lista dos dez mais inovadores brasileiros com menos de 35 anos da Technology Review, revista
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
-públicas no Paraná (para onde sua família mudara quando Lorrana tinha 4 anos), ela usou a bolsa do estágio de meio-período na Procuradoria Geral da República e os cerca de 12 mil reais que seus pais haviam guardado para sua festa de formatura.
A inovação chamou atenção. Em 2014, o Bliive foi um dos selecionados pelo projeto Sirus, do governo britânico, que oferece 50 mil libras para empreendedores levarem seu negócio para o país. Já com uma equipe de oito pessoas, a baiana migrou para a Escócia, onde montou parte das operações da plataforma. Quase ao mesmo tempo, mais um reconhecimento: Lorrana integrou a lista dos dez mais inovadores brasileiros com menos de 35 anos da Technology Review, revista
do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
Mas ela está longe de se acomodar. No último dia 26, a baiana finalizaria uma temporada de cinco semanas na Universidade Stanford, na Califórnia, onde foi fazer um curso de negócios. Na volta, depois de uma paradinha em Recife para dar palestras, pretende fixar residência em São Paulo, onde abrirá o segundo escritório do Bliive. Atualmente, há mais de 100 mil pessoas cadastradas no site, que é financiado por uma dupla de investidoras-anjo.
Raíssa Müller, 20 anos, estudante
O Rio dos Sinos é o principal da bacia de mesmo nome que corta 32 municípios gaúchos. Entre eles, Novo Hamburgo, cidade onde, há 20 anos, nasceu Raíssa Müller. Em 2006, mais de 80 toneladas de peixe morreram ali, possivelmente por causa de um derramamento de óleo. “Fui com meu pai ver a remoção dos animais ser feita, pouco a pouco, com balaios e redes”, conta a garota. “A cena nunca mais saiu da minha cabeça. A partir dali, comecei a nutrir o sonho de limpar o ‘meu’ rio.” Aos 14 anos, ela pediu transferência para a Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira Cunha, em que o ensino é “mais forte”, diz. Foi lá que entrou pela primeira vez em um laboratório. Com um amigo, desenvolveu um sistema alternativo para que a água utilizada em certos processos de frigoríficos e curtumes pudesse ser reaproveitada na agricultura. Deu tão certo que a técnica passou a ser usada em empresas da região. Logo depois, o trabalho venceu um prêmio da Mostra Brasileira de Ciências e Engenharia, e a dupla de estudantes foi convidada a apresentá-lo na competição International Environmental Project Olympiad (Inepo), na Turquia – ficaram em segundo lugar na categoria meio ambiente.
Na volta ao Brasil, Raíssa teve outra ideia: criar uma esponja capaz de limpar o óleo da água. A invenção poderia ser utilizada em casos de derramamento de petróleo no mar, por exemplo. Com desenvoltura de cientista experiente, ela conta passo a passo todo o caminho que percorreu até atingir seu objetivo: pesquisou e testou materiais em busca do ideal (criptomelano), improvisou, errou, tentou de novo e de novo até conseguir o que queria. Sua invenção mostrou-se eficaz, mas a pequena cientista ainda não está satisfeita. Já formada, ela continua frequentando o laboratório da escola para aperfeiçoar sua obra. “Raíssa é extremamente determinada. Com criatividade, transpõe obstáculos até atingir seus objetivos”, diz a microbiologista Carla Rachel, que foi orientadora da gaúcha na Liberato.
A esponja rendeu à garota uma vaga no Village to Raise a Child, programa da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que todo ano convida cinco estudantes estrangeiros para apresentar seus projetos e receber lições de professores e pesquisadores sobre como melhorá-los. Em breve ela pretende patentear o produto e buscar investimento para produzi-lo em escala industrial. Também está nos planos a faculdade de neurociências – e por isso passou julho em uma espécie de intensivão da graduação em Harvard. Ela sonha em encontrar tratamento para portadores de doenças neurológicas.
Políticas Públicas
Dora Aparecida Martins, 60 anos, juíza
Dora Martins é uma juíza conhecida por suas decisões criativas e por envolver-se em causas sociais, como a igualdade de gêneros e de raças. É famoso também o seu gosto por casos que exijam corpo a corpo e uma boa dose de sensibilidade. “Ela vai além dos autos”, afirma o desembargador Antônio Carlos Malheiros. Entre 2003 e 2005, a magistrada esteve no Timor Leste em uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para ajudar a formar um Judiciário no novo país. No Brasil, a paulista de Botucatu foi uma das primeiras a autorizar a adoção de menores por casais homossexuais. Há cinco anos na Vara Central da Infância e da Juventude, em São Paulo, um drama especial tem chamado a atenção da juíza: crianças em situação de abandono, moradoras de abrigos da cidade, vivem razoavelmente bem até a chegada da adolescência. Por volta dos 14 anos, surgem os problemas: alguns jovens começam a ir mal na escola, outros isolam-se ou arrumam más companhias. Não raro esse roteiro tem um desfecho triste (prisão ou até morte). Além da mudança de comportamento, comum a qualquer jovem nessa fase da vida, há um agravante: eles estão se aproximando dos 18 anos, momento em que perderão a tutela do Estado e terão que viver sozinhos. “Sem nenhuma referência de família e praticamente nenhum vínculo afetivo, entram em pânico”, conta Dora.
Com o objetivo de amparar melhor essas crianças, a juíza elaborou o projeto-piloto Apadrinhar. A ideia é que meninos e meninas com mais de 10 anos tenham a oportunidade de conviver com uma família de verdade sem necessariamente ser adotada. “Queremos encontrar pessoas que tenham perfis semelhantes à ideia antiga de padrinho, aquele que aconselha, serve de exemplo e dá um carinho extra”, explica. As inscrições foram abertas em abril deste ano e, desde então, mais de 5 mil pessoas se cadastraram. Um sucesso. Em seguida, os interessados foram selecionados pela equipe do projeto. Os encontros devem começar este mês. Níneve de Salles (nome fictício escolhido pela própria menina), 14 anos, está um pouco ressabiada. Moradora de um abrigo desde que era bebê, ela sempre alimentou o sonho de ser adotada. Recentemente, os pais de uma amiga de colégio ensaiaram uma adoção, mas voltaram atrás e desapareceram da vida da garota. Por isso, ela teme uma nova rejeição. Apesar do medo, abre um sorriso tímido ao confessar: “Gostaria muito de ter alguém para conversar sobre famosos da televisão e meninos e também para tirar dúvidas escolares”.
Marinalva Dantas, 61 anos, auditora fiscal do trabalho
Na Feira do Alecrim, em Natal, o incenso ruim da banca de especiarias se confunde com o odor dos bichos à venda – pescados, aves, roedores, cabras... O trânsito de clientes e feirantes é atravessado por garotos que se espremem para seguir seu caminho. Embora ainda crianças, eles trabalham transportando a mercadoria dos fregueses em carrinhos de mão daqueles usados em construções. Enquanto circulam, são flagrados pela minicâmera fotográfica da auditora fiscal do trabalho Marinalva Dantas. Nos mercados livres, essa paraibana de Campina Grande flagra as irregularidades, autua os responsáveis (às vezes a própria prefeitura) e convida os garotos que têm entre 14 e 18 anos para participar do programa federal Aprendizagem, que combina emprego com o ensino de um ofício.
De família pobre, Marinalva teve outra sorte: aos 3 anos, foi levada para viver com os tios ricos em Natal. Lá, cresceu, estudou em boas escolas, cursou direito, casou-se, criou dois filhos e construiu uma carreira heroica. No Ministério do Trabalho desde 1984, chefiou por nove anos (de 1995 a 2004) uma equipe do Grupo de Fiscalização Móvel do Governo Federal, que combate o uso de mão de obra escrava. À frente do time, viajou pelo país para libertar trabalhadores rurais. Em fazendas, encontrou homens, mulheres, crianças e até bebês vivendo forçosamente em barracos, sem direito a água tratada, obrigados a se endividar para pagar a pouca comida a que tinham acesso. Para isso, ela entrava nas propriedades, flagrava os abusos, autuava os fazendeiros e garantia que a situação fosse regularizada.
Aos 61 anos, já poderia estar aposentada e orgulhosa da própria carreira: é responsável pela libertação de mais de 2,3 mil trabalhadores escravos pelo país. “Marinalva participou das mais importantes ações de combate à escravidão de que se tem notícia no Brasil. Além disso, sua história de vida é surpreendente”, elogia o jornalista Klester Cavalcanti, que acaba de lançar a biografia A Dama da Liberdade (Benvirá), sobre a trajetória da auditora. A sede por justiça a impede de parar. Antes de encerrar sua carreira – o que pretende fazer até o ano que vem –, quer cumprir mais uma meta: finalizar o primeiro guia brasileiro de prevenção ao assédio moral no ambiente profissional. Tanta dedicação à carreira comprometeu seu relacionamento com os filhos e o marido. “Eu estava tão cega de paixão pelo trabalho que só percebi a gravidade da situação quando ele decretou o fim do casamento”, diz. Ao se aposentar, Marinalva pretende viver com a filha e visitar mais os três netos.
Raquel Domingues do Amaral, 43 anos, juíza
Aos 48 anos, Tatu era ninguém. Fruto de um relacionamento que não deu certo, foi renegado pela própria mãe na adolescência. Ela se casou, mudou para um casebre em uma das margens do Rio Paraguai Mirim, no Mato Grosso do Sul, e deixou o filho pequeno do outro lado, morando sozinho. Ensimesmado, até hoje ele vive cabisbaxo. Não tem amigos, não tem companheira, nem emprego. Também não tinha nome, somente o apelido de bicho. Muito menos certidão de nascimento, RG, CPF ou carteira de trabalho. Recentemente, parte do seu isolamento foi resolvido. Graças à Expedição da Cidadania, mutirão que viaja até os rincões do Brasil para levar serviços de cartório, previdência social e saúde, Tatu, agora, é Ademir Silva. Assim como ele, outros cerca de 400 moradores de áreas muito afastadas de centros urbanos na região do Rio Paraguai puderam emitir documentos ou passar a receber benefícios como salário-maternidade, aposentadoria e pensão por morte de parente.
Nada disso teria sido possível não fosse a iniciativa da juíza mato-grossense Raquel Domingues do Amaral, que começou na carreira como oficial de Justiça em Realengo, no Rio de Janeiro. A ideia do projeto surgiu durante uma crise em sua carreira, em 2007. Na época, Raquel tinha acabado de sofrer com uma onda de violência causada pela transferência do traficante Fernandinho Beira Mar para o presídio federal de Campo Grande, onde ela atua. Devido às ameaças, um de seus três filhos precisou passar uma temporada escondido para evitar um sequestro. No meio de tanto stress, Raquel assistiu a uma palestra da desembargadora Selene Almeida, de quem ouviu a seguinte frase: “Em vez de lamentar, temos de fazer a justiça acontecer!” Encantada, a magistrada quis conhecer aquela mulher de perto. Do encontro, Raquel saiu cheia de ideias.
“Já conhecia relatos sobre o isolamento em que vivem as comunidades ribeirinhas. Decidi que, além de juizado itinerante, levaria mais serviços para elas. E idealizei o projeto, que apresentei à Associação dos Juízes Federais do Brasil.” Depois de mobilizar o Exército, a Marinha, a Previdência Social, a Receita Federal, a Secretaria de Justiça, dezenas de voluntários e as prefeituras dos municípios envolvidos, em 2008 a expedição partiu para Porto Murtinho, no sul do Rio Paraguai. A terceira edição ocorreu em março deste ano, quando percorreram de barco 600 quilômetros rumo a Paraguai Mirim. “Na próxima, vamos ao Rio São Francisco”, planeja ela.
Consultoria Natura
Anadelli Soares Braz, 50 anos, administradora de empresas
Desenvolver projetos, cortar custos, enxugar o quadro de funcionários. Essa foi a rotina de Anadelli Soares Braz por duas décadas. Como toda boa executiva, ela tinha um plano bem traçado não só para os negócios que administrava no mercado financeiro como para a própria carreira: aos 45 anos, deixaria o mundo corporativo para se dedicar à formação de pessoas – talvez como professora. O Universo, porém, conspirou para antecipar sua meta. Em 2010, quando Anadelli estava com 44 anos, o banco do qual era funcionária fechou um departamento inteiro. Ela e toda sua equipe foram demitidas. “Decidi que não procuraria mais emprego. Passei a prestar consultoria na minha área (revisão de processos) e, com uma amiga, comecei a idealizar um projeto de educação de jovens”, conta. Foi então que ela conheceu, por meio de um antigo chefe, a Ação Comunitária do Brasil (recentemente o nome foi trocado para Vocação), organização social com 48 anos de atuação que oferece programas socioeducacionais a comunidades carentes, à qual apresentou sua ideia.
Assim nasceu o projeto de capacitação Restaurante Escola, que, desde 2010, já deu cursos de garçom e auxiliar de cozinha a 435 jovens entre 18 e 35 anos. “Antes de definir que tipo de instrução daríamos, Anadelli estudou muito bem o mercado e descobriu onde estavam as oportunidades de emprego”, diz Mauricio Guimarães, gerente de mobilização de recursos, relacionamento e marketing da Vocação. “Ela detectou que, em São Paulo, havia 300 mil vagas abertas só no setor da gastronomia.” O passo seguinte foi firmar parcerias: com restaurantes, que depois contratam os alunos formados; com empresas, que financiam o projeto; e com uma faculdade de gastronomia, onde as aulas acontecem para que a turma vivencie também o ambiente universitário. “Acreditamos na educação integral. Ou seja, para nós, dar instrução técnica é tão importante quanto aumentar o repertório cultural desses jovens”, afirma a executiva. Os alunos chegam de todas as regiões da Grande São Paulo e o transporte é custeado pela Vocação. A cada rodada de curso, são abertas 30 vagas, concedidas exclusivamente para quem não está empregado. Os selecionados passam por seis semanas de treinamento diário. Ao final, oito em cada dez deles saem de lá já com trabalho.
Flávia Dias Hercolano Raposo, 37 anos, bióloga
O paraíso, segundo a bióloga Flávia Dias Hercolano Raposo, é uma casa na montanha com rede na varanda, muito verde e um riozinho por perto. É em um refúgio assim, a meia hora do centro de Manhumirim, no interior de Minas Gerais, onde mora, que ela costuma passar os fins de semana. De segunda a sexta, porém, essa mineira frenética de fala rápida e discurso abundante não para quieta. Ela divide a agenda entre o cuidado com as duas filhas adolescentes, as aulas de ciências – para alunos do ensino fundamental e médio e para a turma noturna da Educação de Jovens e Adultos em uma escola estadual – e a coordenação da Cooperativa Aguapé, que ajudou a fundar e hoje é formada por 24 catadores de material reciclável. Engajada desde a juventude em trabalhos voluntários, em 2005 Flávia foi convidada por um grupo de amigos a fazer parte de uma espécie de comissão que pretendia organizar a coleta de resíduos na cidade. Na época, estava para ser inaugurada na região uma unidade de triagem e compostagem. Os dejetos eram descartados em um lixão, o que é proibido por lei. No local irregular, famílias inteiras catavam recicláveis para revender sem nenhuma proteção contra contaminação ou acidentes. Além disso, o município, de 22 mil habitantes, padecia de falta de educação ambiental. O rio que passa por ali, por exemplo, vivia repleto de garrafas PET.
“Foi então que uma das pessoas do grupo adoeceu, abandonou o projeto e deixou comigo uma porção de documentos”, conta. Flávia resolveu dividir a responsabilidade com o colega José Weber e, juntos, arregaçaram as mangas para formalizar a cooperativa. “Decidimos que colocaríamos todas as nossas forças nesse projeto”, afirma ela. A dupla, então, treinou os catadores e os orientou, passo a passo, sobre como organizar o trabalho da equipe. Muitos deles eram diaristas em plantações de café; não tinham carteira assinada nem remuneração fixa. Era o caso de Rosângela de Souza, a Tica, presidente da cooperativa. “Hoje eu sei onde e em qual horário vou trabalhar, ganho salário de no mínimo 950 reais, mais os benefícios, e ainda aprendi muito sobre meio ambiente”, afirma a catadora. “Eu vivia jogando papel de bala e outras embalagens por aí. Agora sei o mal que isso causa.” Graças ao empenho de Flávia, a cooperativa venceu uma licitação para fazer a coleta também na vizinha Martins Soares. Com isso, 30 mil pessoas são impactadas pela iniciativa nos dois municípios.
Lisandra Mazutti Foresti, 40 anos, advogada
Caxias do Sul, uma das principais cidades da Serra Gaúcha, convivia com dois graves problemas relacionados à educação infantil. Por causa da falta de vaga nas creches públicas, mães de famílias humildes tinham de escolher entre deixar os filhos em condições precárias (com os irmãos mais velhos ou na casa de vizinhas) ou abandonar o emprego para cuidar das crianças. Ao mesmo tempo, escolinhas privadas estavam fechando as portas por falta de alunos. Era 2009, e o popular frei capuchinho Jaime Bettega recebera um envelope anônimo. Dentro dele, um cheque de 5 mil reais e um bilhete com a seguinte mensagem: “Para ajudar as crianças”. Diante do desafio, ele se reuniu com um grupo de fiéis da sua paróquia, incluindo a advogada Lisandra Mazutti Foresti. Juntos, eles tiveram uma ideia que vem mudando a realidade das famílias do município: o Projeto Mão Amiga, que subsidia parte das mensalidades de creches particulares para meninos e meninas até 6 anos excluídos das escolas públicas por falta de vaga.
Na época, havia cerca de 500 crianças desatendidas. Aquela doação inicial era suficiente apenas para bancar um quinto desse total matriculado por um ano; seria preciso conseguir mais doações. Lisandra, que já era funcionária do departamento jurídico de uma ONG de assistência social e acabara de ter uma dupla de gêmeos (hoje matriculados em escola privada), procurou bases legais para sustentar o projeto. “Graças ao esforço dela, conseguimos oficializar nosso trabalho e conquistar a seriedade necessária para dar sequência à ideia original”, diz Bettega. Logo, o Mão Amiga encontrou “padrinhos” – empresas ou pessoas físicas que fazem as doações em dinheiro para custear as mensalidades. Além deles, há uma equipe de 40 voluntários e cinco profissionais contratados (uma psicóloga, duas assistentes sociais e duas assistentes administrativas) envolvidos no programa, que atualmente atende 1,3 mil crianças – em um total de mais de 5 mil beneficiadas até hoje. Além disso, o Mão Amiga firmou uma parceria com a prefeitura, que repassa parte da verba destinada a creches às escolinhas particulares e cede outros três funcionários para o projeto. Em contrapartida do benefício, os pais dos alunos se comprometem a participar de palestras de formação e educação. “Agora estou sendo procurada por outros municípios do país que pretendem copiar nosso modelo”, diz, orgulhosa, a gaúcha.
(Imagens e informações via Claudia)
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