MPE vê crimes cometidos por empresários e políticos, que vão de organização criminosa a corrupção ativa
Edivaldo Bitencourt e Michel Faustino
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) concluiu que houve o envolvimento de dois ex-prefeitos, de empresários e de 13 vereadores na suposta compra de votos para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP), ocorrida em 12 de março do ano passado. O relatório final da Coffee Break, encaminhado à Procuradoria Geral de Justiça, ainda pede a investigação de quatro vereadores, de uma ex-vereadora e de uma autoridade com foro privilegiado, a vice-governadora Rose Modesto (PSDB).
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Conforme o documento, assinado pelo promotor Marcos Alex Vera de Carvalho, a cassação de Bernal foi articulada por uma suposta organização criminosa, que seria integrada por 12 pessoas, entre as quais estariam os empresários João Alberto Kramp Amorim dos Santos (Proteco), João Roberto Baird (Itel Informática), Fábio Portela Machinsky e Carlos Eduardo Naegele (jornal Midiamax); o ex-governador André Puccinelli (PMDB); o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB); o então vice-prefeito Gilmar Antunes Olarte (PP), o ex-presidente da Câmara Municipal, Mario Cesar Oliveira da Fonseca (PMDB), os vereadores Flávio Cesar (PTdob) e José Airton Saraiva (DEM) e os autores do pedido de cassação, Raimundo Nonato e Luiz Pedro Guimarães.
Para comprovar o envolvimento do grupo, o Gaeco cita gravações telefônicas e depoimentos. No entanto, não gravações nem documentos assinados por Puccinelli que confirmem o seu envolvimento no caso.
Já o crime de corrupção ativa teria sido cometido por sete pessoas: Amorim, Baird, Machinsky, Olarte, Mario Cesar, Flavio Cesar e Saraiva.
Já o crime de corrupção ativa teria sido cometido por sete pessoas: Amorim, Baird, Machinsky, Olarte, Mario Cesar, Flavio Cesar e Saraiva.
Entre os acusados pelo crime de corrupção passiva estão 10 vereadores, incluindo-se o presidente da Câmara, João Rocha (PSDB), e o ex-vereador Alceu Bueno. Os outros nove vereadores são: Paulo Siufi e Edil Albuquerque, do PMDB; Edson Shimabukuro (PTB), Jamal Salem (PR), Eduardo Romero (Rede), Otávio Trad (PTdoB), Gilmar da Cruz (PRB) e Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB).
Para comprovar o crime de corrupção passiva, o Gaeco anexou ao processo gravações telefônicas, depoimentos e a movimentação financeira dos vereadores. Segundo a investigação, em todos os casos, os parlamentares movimentaram muito acima da renda obtida como parlamentar.
Além de pedir a denúncia pelos crimes, o Gaeco pede a investigação complementar de outros quatro vereadores: Carla Stephanini, Vanderlei Cabeludo, Ademar Vieira Júnior, o Coringa, e Delei Pinheiro, do PSD; e de uma autoridade com foro privilegiado, que já ocupou o cargo de parlamentar.
Marcos Alex também pede para investigar os seis vereadores que votaram contra a cassação do mandato de Bernal, que inclui os vereadores Luiza Ribeiro (PPS), Paulo Pedra (PDT), os três do PT (Marcos Alex, Ayrton Araújo e Zeca do PT) e Derly Reis, o Cazuza (PP).
Outro lado - O relatório encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Humberto Brites, tem 245 folhas e tem como base o processo de 4,8 mil páginas distribuídas em 24 volumes. O início da Operação Coffee Break foi a Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, que flagrou, em gravações telefônicas, empresários e vereadores articulando a cassação de Bernal.
O advogado Renê Siufi, que representa na ação os vereadores Edil Albuquerque, Carla Stephanini, Paulo Siufi, Mario Cesar e o ex-governador André Puccinellicriticou o fato das informações terem vazado à imprensa, tendo em vista que o Ministério Público tem dificultado o acesso aos advogados.
Rêne critica ainda os rumos do processo e afirma que, no caso de André Puccinelli, a todo momento ele foi citado como testemunha, inclusive, o Ministério Público teria negado acesso a cópia da investigação ao advogado por este motivo.
“Eu não entendo este posicionamento. Pelo que tenho acompanhado eles devem continuar a investigação e fazer novas investigações para provar aquilo que eles já concluíram. Isso não tem lógica”, disse.
O ex-governador rebateu as acusações afirmando que em nenhum momento participou de qualquer articulação para cassar Alcides Bernal e foi incluído no processo de forma não comprovada por fala de terceiros.
“Não há nenhuma gravação telefônica em que eu apareço falando com qualquer vereador. Não há nenhuma prova em escrito que eu tenha falado com qualquer empresário. Incluíram-me como articular por fala de terceiro. Aos demais, vereadores, empresários incluíram como corruptores ativos ou passivo. Portanto, continuo dizendo que não participei de golpe algum e o relatório mostra isso”, disse Puccinelli.
O advogado do vereador Mario Cesar, Leonardo Saad, lamentou que o relatório da operação tenha chegado aos estúdios de uma emissora de televisão antes mesmo de ser entregue aos advogados e a Câmara Municipal.
O advogado Fabio Trad, que representa o vereador Airton Saraiva, também criticou o vazamento das informações por parte do Ministério Público e disse que entrará com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público pedindo explicações sobre o fato.
“Foi uma leviandade que foi criminosamente cometida por alguém que tem interesse em antecipar pela imprensa condenação das pessoas que se quer tiveram direito a defesa. Isso é típico de um republiqueta que desprestigia a constituição da república e transforma investigados em condenados através do vazamento criminoso das investigações”, comentou.
O ex-prefeito Nelsinho Trad disse que recebeu com estranheza o fato do nome dele aparecer no relatório da Coffee Break, tendo em vista que em nenhum momento ele foi convocado para prestar depoimento ou se manifestar sobre o caso, sob qualquer aspecto.
"Não tenho nenhum envolvimento com este suposto esquema. Em nenhum momento apareço em gravação ou em qualquer peça que foi coletada para a produção desse relatório. O que existe é uma produção fantasiosa que tenho a convicção que serão apuradas com maior cuidado pelas instancias superiores e tenho a certeza que nem denunciado seremos. Volto a afirmar que não tenho nenhum envolvimento e isso será comprovado e a verdade prevalecerá", disse.
O Campo Grande News tentou entrar em contato por telefone com a vice governadora Rose Modesto para comentar a denúncia, mas até o fechamento desta matéria ela não atendeu nem retornou às ligações. A assessoria de imprensa de Rose ficou de se manifestar.
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