quinta-feira, 3 de março de 2016

Delcídio atuou para conseguir liberação de investigados na Lava Jato, diz IstoÉ

Segundo revista, ele garantiu que a nomeação de Marcelo Navarro no STJ fosse condicionada à proteção de interesses de Dilma

O senador Delcídio do Amaral (PT) teria confessado, em delação premiada, que atuou em manobra para liberar executivos investigados que foram presos na Operação Lava Jato. Segundo a revista IstoÉ, ele agiu a pedido da presidente Dilma Rousseff (PT), que teria usado a sua influência no Palácio do Planalto para tentar alterar o resultado de decisões do STF (Supremo Tribunal Federal).

A assessoria do petista nega as informações, mas a revista garante que o relatório do depoimento, com mais de 400 páginas, possui revelações que podem comprometer diversos membros do alto escalão do Governo, além de parlamentares da base aliada e da oposição. Delcídio, inclusive, teria colocado uma cláusula de confidencialidade para manter o conteúdo em segredo por seis meses.

Esquema
De acordo com a reportagem, a presidente Dilma e o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo tentaram corromper o presidente do STF, Ricardo Levandowski, em suposto esquema para conseguir a liberdade de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, da empresa Andrade Gutierrez, mas sem sucesso.

Depois teriam oferecido uma vaga no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) para o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Nelson Schaefer, em troca de proteção aos interesses de Governo, sendo novamente rejeitados. A partir daí, eles tiveram a ideia de solicitar o apoio do senador petista.

A solução seria a nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. Conforme a revista, Delcídio esteve no Palácio da Alvorada conversando com Dilma e, enquanto caminhavam pelos jardins locais, ela sugeriu que o senador falasse com Navarro para obrigá-lo a se comprometer em aceitar o pedido de habeas corpus dos investigados.

“Na reunião, de acordo com Delcídio, Navarro ‘ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto’”, diz a reportagem. O apoio teria sido confirmado quando o ministro votou a favor de Odebrecht e Azevedo em julgamento recente, apesar de ter sido vencido por quatro votos a um.


Para a assessoria do senador, que está internado em São Paulo para exames médicos, as informações publicadas pela IstoÉ são ‘mentiras’ ou ‘delírios’ e uma nota de esclarecimento deve ser divulgada em breve. O suposto acordo de delação premiada conteria revelações que também comprometem o ex-presidente Lula (PT).

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