quinta-feira, 3 de março de 2016

Delcídio fez delação premiada e acusou Dilma e Lula, afirma jornal

Presidente teria tentado interferir em investigações da Lava Jato e Lula seria responsável por pagamentos à família de Cerveró

Liberado da prisão para aguardar julgamento em casa, em regime de recolhimento domiciliar, o senador Delcídio do Amaral (PT) teria revelado segredos do Palácio do Planalto em suposta delação premiada. Pelo menos é o que informa a revista IstoÉ, que deve edição divulgada online nesta quinta-feira (3).

Entre as revelações, estaria a informação de que a presidente Dilma Rousseff (PT) tentou interferir nas investigações da operação Lava Jato, conduzidas pela Polícia Federal. É o que afirma o jornalista Ricardo Boechat, da Rede Bandeirantes, e também colunista da revista.

A presidente teria conversado com auxiliares e nomeou ministros para tribunais superiores, principalmente o STJ (Superior Tribunal de Justiça), favoráveis às teses das defesas de acusados, em uma tentativa de ajudar empreiteiras e políticos alvos da investigação, que na maioria dos casos, são ligados ao PT ou à base aliada do Executivo no Congresso Nacional. 

Segundo Boechat, o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva também foi citado no depoimento do petista como responsável por marcar uma conversa entre Delcídio e o filho de Nestor Cerveró, Bernardo, que acabou culminando na prisão dele no âmbito da Lava Jato. Nas palavras da revista: “senador petista revela que Dilma interferiu nas investigações da Lava Jato e que Lula é o mandante dos pagamentos à família de Cerveró”.

Foto: Reprodução/Facebook

Gravação
A conversa gravada por Bernardo aconteceu em um hotel de Brasília/DF, em 4 de novembro, com a presença do chefe de gabinete do petista, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ferreira que, segundo as investigações, foi contratado para defender o ex-diretor da Petrobras, mas atendia aos interesses de Delcídio.

Nos áudios que embasaram o pedido de prisão do MPF (Ministério Público Federal), o petista planeja uma rota de fuga para o ex-diretor da Petrobras, tendo avaliado até mesmo o modelo do avião que poderia levar o prisioneiro até a Espanha. Preocupado com possível escala na Venezuela para recarregar o tanque de combustível, ele sugere o uso de um modelo Falcon 50, que completaria a viagem, a partir do Brasil ou do Paraguai, sem paradas.

Segundo o MPF, Delcídio tentava comprar o silêncio de Cerveró que aceitou o acordo de delação premiada em 18 de novembro de 2015. Ele iria usar sua influência política conversando com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), para conseguir um pedido de habeas corpus e organizar a fuga.

Além disso, o senador também ofereceria suporte financeiro para a família do investigado, que contaria com o apoio de André Esteves, controlador do Banco BTG Pactual. “O Senador Delcídio Amaral ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50 mil mensais, destinado à família de Nestor Cerveró, bem como prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, diz o relatório.

O advogado Edson Ribeiro também recebeu a promessa de pagamento dos honorários que tinha convencionado com Nestor, no valor de R$ 4 milhões. Já o chefe de gabinete, Diogo Ferreira, foi indiciado porque conhecia as tratativas ilícitas e demonstra, durante a reunião, que está disposto a acobertar possíveis crimes praticados por Delcídio.

“Em ao menos um segmento da conversa gravada, Diogo Ferreira revela alinhamento evidente com esse propósito: ele se levanta, examina um dispositivo eletrônico dependurado na mochila de Bernardo Cerveró e, ato contínuo, liga o televisor que havia na sala e aumenta o volume, passando a postar-se entre a mochila e o congressista. Ressalta-se que a conversa transcorreu em quarto de hotel ocupado por Bernardo Cerveró. É induvidoso que Diogo Ferreira agiu para tentar neutralizar a possibilidade de Bernardo Cerveró gravar a conversa”, aponta o Procurador-Geral.

Em seus depoimentos para a Operação Lava Jato, Nestor Cerveró revelou a prática de corrupção passiva durante a aquisição de sondas e da Refinaria de Pasadena, nos EUA, efetuadas pela Petrobras. Ele “descreve, ainda, a prática de crime de corrupção ativa por André Esteves, por meio do Banco BTG Pactual, consistente no pagamento de vantagem indevida ao Senador Fernando Collor, no âmbito de contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo, que pertenciam conjuntamente ao Banco BTG Pactual e a grupo empresarial denominado Grupo Santiago”, completa o relatório.

O outro lado
A assessoria do senador Delcídio do Amaral nega as informações e garante que as alegações se tratam ou "de mentira ou delírio da revista", sendo que pretende divulgar uma nota de esclarecimento em breve. Na manhã de hoje (3), o petista se encontra internado em São Paulo para realização de exames e não poderá se pronunciar pessoalmente.


*Matéria editada às 10h05 para acréscimo de informações

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