sexta-feira, 19 de junho de 2015

País fechou 115 mil vagas em maio, pior resultado para o mês desde 1992


'Ainda não é um mês bom', admitiu o ministro do Trabalho, Manoel Dias. 
De acordo com ele, país deve registrar um segundo semestre melhor.

Gabriela Pavão e Alexandro MartelloDo G1 MS e em Brasília
Manoel Dias em evento em MS, nesta sexta-feira (19) (Foto: Gabriela Pavão/G1)Manoel Dias em evento em MS, nesta sexta-feira (19) (Foto: Gabriela Pavão/G1)
O país voltou a perder vagas de empregos formais em maio. No mês passado, foram fechados 115.599 postos de trabalho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
É o pior resultado para meses de maio desde o início da série histórica do indicador, em 1992. Também é a primeira vez que há corte de vagas em um quinto mês do ano. Considerando todos os meses, o resultado é o pior desde dezembro, quando foram cortados 555 mil postos de trabalho.
CRIAÇÃO DE VAGAS EM MAIO
Saldo do mês, em milhares
21,5154,892,792,2107,2128,985,397,1162,8161,8155,8140,3291,8212,4198,8212,2202,9131,5298252139,67258,8-115,519952000200520102015-200-1000100200300400
Fonte: MTE
"Ainda não é um mês bom, mas toda essa redução do discurso de que parece que o emprego acabou representa 0,9% do estoque que nós temos, não é um desastre", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
"Historicamente, o primeiro semestre nunca é o melhor período para a geração de empregos. A economia se avoluma geralmente no segundo semestre", afirmou. "Embora tenhamos esse mês voltado para a redução na geração de emprego, creio que certamente vamos repor o estoque a partir do segundo semestre [...] Sou otimista e a gente tem que ser otimista."
Os dados foram apresentados em Mato Grosso do Sul por Dias, que justificou a escolha informando que o estado foi o que mais gerou emprego no mês.
"Tem setores da economia que estão bem e outros com maior dificuldade. Mas até o final do ano nós vamos retomar os investimentos todos que são necessários para a geração de emprego", afirmou Dias. "Só o fundo de garantia que é dos trabalhadores vai ter o maior investimento da sua história."
"O processo, que vai do contrato a execução da obra, demanda certo tempo [...]  historicamente o Caged teve declínio na área da construção civil, por isso acreditamos que os processos estão em execução e devem continuar no segundo semestre [...] O setor é uma grande aposta. Temos o maior programa no mundo na área da construção civil", disse ele, referindo-se ao programa Minha Casa, Minha Vida.
"É uma dificuldade que o país passa e o próprio governo reconhece e está tomando as medidas. O ajuste fiscal busca recuperar a capacidade de investimento que levará ao aumento e capacidade de geração de emprego. E nós acreditamos que no segundo semestre, levando em conta os investimentos programados e já iniciados, a gente possa recuperar e acumular no estoque mais novos empregos."
Uma aposta do governo são é o investimento do fundo de garantia (FGTS), em torno de R$ 150 bilhões este ano, dos quais R$ 68 bilhões serão destinados para a construção da casa própria para a população de baixão renda. A expectativa é de geração de cerca de 3 milhões de postos de emprego, segundo Dias.
"Ações que vão estimular as empresas e em decorrência disso já contratamos esse ano R$ 20 bilhões pelo fundo de garantia e que implica na construções de mais de 100 mil unidades.
Brasil e exterior
O ministro minimizou a perda de empregos comparando a situação do Brasil com a do exterior. "Um país que dobra seu mercado de trabalho, que dobra mercado de emprego e que aumenta em 73% o salário mínimo e aumenta em 34% a renda de todas as pessoas enquanto que o mundo está em crise."
"Você vai na Europa, estive lá agora na OIT, a Espanha tem 42% de desempregados, jovens são 58%, França, Portugal e nós passamos ao largo da crise e conseguimos chegar até aqui. Precisamos agora ajustar, de vez em quando tem que dar uma parada para ajustar."
De acordo com o ministro, a atual crise é mais política que econômica, mas acaba afetando os dois aspectos: "Toda crise é política que afeta a economia. Porque se deixar impressionar pelo discurso de certos setores, se você vai comprar um automóvel vai postergar, vai deixar para comprar depois. Ia comprar um apartamento você deixa para depois e sucessivamente".

Também foi a primeira vez, para os cinco primeiros meses de um ano, desde 2002, que o saldo ficou negativo. Os saldos de janeiro a abril foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de maio ainda está sem ajuste.
Acumulado do ano

No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 243.948 postos com carteira assinada. Este foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002.
Em 12 meses, o país já acumula a perda de 452.835 postos de trabalho.
Setores
A indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês: foram 60.989 postos perdidos no período. "Os ramos que apresentara as maiores quedas foram: Indústria de Produtos Alimentícios (-8.604 postos), Indústria Mecânica (-8.373 postos), Indústria Metalúrgica (-7.861 postos) e Indústria de Material de Transporte (- 7.715 postos)", informou o governo.
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VAGAS POR ESTADO
Em maio, em número de vagas
53433319363-217-260-694-1.039-1.173-1.262-1.361-1.405-1.631-1.679-1.924-2.101-2.125-4.046-4.758-6.717-7.303-7.419-9.627-10.024-11.105-15.815-23.037MSGOACPIRRTOROAPPAMAPRRNDFCEMTESPBSEAMSCPEBAALMGRJRSSP-20k-10k0k-30k10k
Fonte: MTE
A construção civil cortou 29.795 vagas, enquanto os serviços perderam 32.602. No comércio, foram 19.351 vagas a menos. A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 28.362 vagas.
"A elevação do emprego na agricultura (+28.362 postos de trabalho), decorrente, em parte, da presença de fatores sazonais, foi proveniente principalmente do desempenho positivo das atividades ligadas ao cultivo de café (+16.820 postos), às Atividades de apoio à Agricultura (+4.478 postos), às de cultivo de laranja (+4.026 postos) e às de cultivo da cana-de-açúcar (+4.000 postos)", acrescentou o Ministério do Trabalho.
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a indústria registrou a demissão de 98.053 trabalhadores formais, enquanto que a construção civil teve 108.573 desligamentos e o comércio registrou a perda de 159.315 empregos. Os serviços, por sua vez, contrataram 78.061, a administração pública teve 14.483 admissões e a agricultura registrou 35.589 abertura de vagas.
Regiões
No recorte por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em maio. No mês passado, o Sudeste registrou o pior resultado, com 46.267 vagas a menos. No Nordeste, foram cortados 34.803 postos, enquanto Sul e Norte perderam, respectivamente, 23.893 e 7.948 vagas, respectivamente. Já na região Centro-Oeste, foram demitidos 2.688 trabalhadores com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.
Contudo, o saldo positivo de geração de empregos em estados pequenos como o Acre é visto como positivo pelo ministro. "Se vocês analisarem o Caged, já a partir de junho de 2014, a implantação de plantas industrias se deu mais na cidades médias e pequenas, não mais nas regiões metropolitanas, então é uma tendência, que é boa, eu creio, porque estamos espalhando pelo Brasil oportunidades de trabalho para áreas onde até então não tinha", disse.
Crise na industria
O ministro Dias reconheceu que a indústria brasileira vem sofrendo processo de crise. "Claro que o governo está preocupado e estamos instalando na próxima semana um grupo interministerial que vai cuidar, dentre estas ações, da modernização das ações dos ministérios, no que diz respeito à importação de máquinas e equipamentos, na regulação e discussão da NR12, que são reclamações que a indústria faz".

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