Não tem ‘orquestração’ contra a Câmara, tem revolta, e parece que ninguém quer entender. Ouvidos moucos da Câmara não querem entender as manifestações, preferem atribuir a articulações políticas. Elas existem, sim, mas a revolta é maior.
Se por um lado existe a certeza de que grande parte da população não participa de forma efetiva da política, até porque, antes até de serem educados para a cidadania, foram deseducados, por outro existe e toma corpo um movimento de revolta contra a onipotência pretendida pelos poderosos presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, prefeito empossado Gilmar Olarte (PP por liminar) e pela Justiça.
Mario Cesar preside de forma democrática a Câmara Municipal, não resta dúvida em relação a isso. Foi além de seus antecessores. No entanto não há argumentos que possam explicar a má gestão de Olarte, ainda que o presidente da Câmara tenha buscado embasar a oposição ferrenha ao governo Bernal.
Se formos aos fatos, Bernal pecou tanto nos aspectos políticos, tanto quanto nos administrativos. Com carradas de razão Mario Cesar diz das desgovernabilidade de Bernal. Nada a contestar, sempre a imprensa foi crítica do desgoverno Bernal. No entanto, nada pode contestar os fatos que surgem das escutas telefônicas – com autorização da Justiça – que deixa explícitas as “evidências” de acordos entre vereadores e os empresários que teoricamente seriam ligados aos anteriores governos peemedebistas que governaram por 20 anos a Capital de Mato Grosso do Sul.
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande repete, como um mantra, os motivos pelos quais o legislativo tomou uma posição contrária ao governo Bernal. Compreensível. Mas em nenhum momento apresenta provas contundentes que impeçam a impressão popular de atribuir a Mario Cesar uma ligação com João Amorim, principal investigado da Operação Lama Asfática.
Todos os motivos elencados pelo presidente do Legislativo da Capital, a saber, as reclamações contra a merenda escolar; a inoperância do executivo; as denúncias de corrupção; o atraso no pagamento dos fornecedores (com o agravante de que durante o governo Bernal o dinheiro estava em caixa e hoje o dinheiro “sumiu”; a incompetência dos secretários.
Hoje, a merenda escolar não é servida ou tem péssima qualidade; o executivo continua inoperante, aumento a dívida para com os fornecedores – e segundo a CPI das Contas Públicas eles alegam que, por direito, podem atrasar em até 90 dias o pagamento -; os secretários, muitos deles indicados pelos vereadores – demonstram incompetência em suas áreas, falta de dinheiro em caixa ainda que nada esteja seja feito na Capital, o uso criminoso de benesses dos fornecedores de produtos e serviços para a Prefeitura...
Por tudo isso e quando confrontado após suas explicações sobe o que levou à cassação do prefeito legitimamente eleito Alcides Bernal com as atuais questões que mostram pior gestão daquele que tem sido blindado pela Câmara, Mario Cesar, a resposta do presidente é lacônica: “não dá mais suportar Gilmar Olarte".
Ainda que restem dúvidas, ou que, nas palavras de Mario Cesar, houve uma orquestração para juntar os diversos movimentos de servidores municipais para causar um tumulto no Plenário da Câmara que justificou a presença de forças da Guarda Municipal, vale respeitar a opinião pública manifestada pelas redes sociais: “O que houve na Câmara Municipal não foi apenas a reivindicação de solução para a greve dos Professores, foi além disso.
Os Cidadãos estavam se manifestando sobre a Operação Lama Asfáltica desencadeada pela Policia Federal, a respeito de escutas telefônicas sobre a suposta venda do voto de 23 vereadores na cassação do prefeito Alcides Bernal, venda essa, que teve a denominação de "tomar um café".
Estavam na Câmara Cidadãos de todas as categorias, professores e não professores, exercendo um direito Constitucional. Não estava lá "aliados" do ex-prefeito, estavam Cidadãos de Bem, exercendo O Poder que emana do Povo, estavam representando a indignação da população na Casa que é de todos.
A Casa do Povo. Vereadores são mandatários, o mandante é o Eleitor e contribuinte. Muitos fatos ocorridos na Câmara Municipal, depois da cassação conforme a Lei Orgânica do Município e o próprio Regimento Interno da Casa, já deveriam estar sendo apurados, não por Comissões Internas, e sim pelo Ministério Público, OAB, TCE, entre outros. Até quando pagaremos por uma conta que não é nossa?”
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