quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Almoço regado a 'crise' reúne Jerson Domingos, Olarte e Luiz Pedro Guimarães


O conselheiro do TCE, Jerson Domingos, ganhou um almoço de Gilmar Olarte e Luiz Pedro Guimarães, mas em política não existe almoço grátis.
Restaurante Manura, local do encontro entre Jerson Domingos, Olarte e Luiz Pedro.Restaurante Manura, local do encontro entre Jerson Domingos, Olarte e Luiz Pedro.
Almoçaram ontem (5), no restaurante Manura, na Avenida Mato Grosso, Região Central da Capital, o ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) desde janeiro deste ano, Jerson Domingos, acompanhado do prefeito Gilmar Olarte (PP por liminar) e Luiz Pedro Guimarães, que junto com Raimundo Nonato, apresentou à Câmara de Vereadores denúncia contra Bernal que resultou na cassação do progressista e, que conforme conversas telefônicas interceptadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), teria supostamente feito tráfico de influência “bancado” pelo prefeito com ajuda de alguns amigos junto ao ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Félix Fischer, para garantir que os recursos impetrados pelo prefeito cassado Alcides Bernal (PP) fossem engavetados e Olarte se mantivesse na cadeira de Prefeito.
Em conversa telefônica com o MS Notícias, Jerson Domingos confirmou o encontro, que atribuiu a um almoço entre amigos, atendendo ao convite do prefeito da Capital. “Apenas um almoço como tenho com outros políticos, um momento de conversa e descontração”, disse o conselheiro.
No entanto, a reação de Luiz Pedro Guimarães (na foto com Valter Sâmara e Gilmar Olarte) pareceu demonstrar que a escolha do local, um restaurante pouco frequentado por políticos, e de características mais populares, foi proposital para uma conversa mais reservada e que não se manteve restrita a “bate-papo descontraído”, pois quando perguntado, por telefone, sobre o almoço, teve uma reação agressiva com o repórter. Primeiro desmentiu e questionou como o MS Notícias tinha ficado sabendo do encontro, depois respondeu:“Não tenho nada a dizer e o senhor não tem o direito de 'invadir' minha vida pessoal”, disse, embora admita que o encontro, porém, reuniu três pessoas públicas em um momento de crise pela qual atravessa a gestão Olarte.
Embora Luiz Pedro tenha tentado negar até mesmo haver proximidade com Olarte, registros feitos pela imprensa mostram contrário.A foto exibida acima, por exemplo, mostra Luiz Pedro junto a Olarte e Sâmara, conhecido em Brasília como "Chapeludo", suposto, lobbista conhecido por políticos que, supostamente, atua junto ao poder judiciário, como foi mencionado, em conversa entre advogado brasiliense Claudio Bonato Fruet e ex-secretário de governo Rodrigo Pimentel.
Na foto, Raimundo Nonato, Luiz Pedro acompanha Gilmar Olarte em evento em sua homenageando em Corumbá
Na conversa, gravada pelo Gaeco com autorização judicial, Fruet reclama com Rodrigo de Valter Sâmara, que segundo o advogado, agia de forma que poderia levantar suspeitas. “ (...) terceiro, o estrago do Chapeludo não foi tão grave, mas beirou ridículo. Pô (...) o cara chegou lá e diz esse aqui é o prefeito eu que pus ele lá (...) pô, segura o cara (...) ele tem que desaparecer do STJ.” 
Um dos ditados mais sábios diz que “não existe almoço grátis” capaz de atrair o político com 20 anos de experiência e presidente do Legislativo estadual entre 2007 e 2014, e que declarou quando assumiu a vaga de conselheiro do TCE, que levaria o Tribunal sua experiência como político competente e conciliador”.

Resta saber quem pagou ou pagará esse almoço, que terá servido de alguma coisa se Olarte bebeu de um tanto da sabedoria política de Jerson Domingos, que soube recuar quando necessário e alcançou os cargos apenas quando teve a certeza de estar preparado para exercê-lo.
Olarte criou uma crise administrativa da qual não consegue se desvencilhar e que se agrava a cada nova investigação, seja do Gaeco (Operação Adna – referente ao nome da Igreja fundada e presidida pelo pastor, Assembleia de Deus Nova Aliança -, ou da força tarefa composta pela Polícia Federal, Receita Federal, Controladoria Geral da União e Ministério Público Federal (Operação Lama Asfáltica), e Luiz Pedro Guimarães foi um dos articuladores de sua ascenção à cadeira de Prefeito.

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