Chefe de gabinete do deputado e Elza Cristina usavam o código 'ingressos do circo' para envelope com dinheiro
O deputado estadual Maurício Picarelli (PMDB) teria recebido vantagens indevidas de um dos envolvidos na Operação Lama Asfáltica, que investiga fraudes em licitações de obras públicas.
Segundo a Polícia Federal, os pagamentos ilícitos eram tratados como ‘convites para o circo’ durante as ligações telefônicas interceptadas com a autorização da Justiça.
Em telefonema realizado dia 24 de abril de 2014, às 16h32, Elza Cristina Araújo dos Santos tentar marcar uma reunião com o deputado, a pedido de uma pessoa identificada como ‘Dr. Nelson’. O parlamentar evita o encontro e pede que a empresária, sócia de João Krampe Amorim, procure a chefe de seu gabinete, Marcia Regina Dias da Rocha.
No primeiro contato com Marcia, Elza explica que precisa entregar os “ingressos do circo” e combina um encontro no estacionamento de um hospital particular, localizado na Rua da Paz, região central de Campo Grande. Pouco antes da reunião, Elza liga mais uma vez avisando que está em um veículo Pegeout branco e pede que a chefe de gabinete faça um sinal de luz para ser identificada.
Se nas primeiras ligações, Elza fala em ‘ingressos do circo’, o termo utilizado em seguida é “documentação”, que segundo a Polícia Federal, trata-se de código para dinheiro de propina. Não há mais detalhes sobre o pagamento de vantagens indevidas para o parlamentar.
Em outros trechos do inquérito, funcionários da Proteco Construções Ltda mencionam apenas o programa de televisão do deputado que teria recebido denúncias de atraso no pagamento de funcionários da empresa, em dezembro do ano passado.
De acordo com as investigações, João Amorim exercia grande influência em todas as esferas do poder público estadual, direcionando licitações e trabalhando nos bastidores da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Campo Grande para garantir a aprovação de leis benéficas para o esquema e integrantes do grupo no alto escalão do Executivo.
A Operação revelou ainda que Amorim era dono de um império formado pelas empresas Proteco Construções Ltda, Itel Informática Ltda, LD Construções, Kamerof Participações Ltda e o Consórcio Solurb, além de agências e fazendas registradas no nome das filhas e da esposa. Ele também tinha influência em diversas empresas de outros grupos como o Encalso Damha e a Gráfica Alvorada.
Investigações
A Lama Asfáltica investiga uma organização criminosa que teria fraudado diversas licitações em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Os suspeitos teriam cometido os crimes de sonegação fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva e fraudes à licitação.
O nome da operação faz referência a um dos insumos utilizados em obras com indícios de serem superfaturadas identificadas durante as investigações. Durante o cumprimento de mandados e apreensão na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu documentos, uma obra de arte e mais de R$ 747,9 mil, em moedas nacionais e estrangeiras.
Entre os contratos com indícios de fraude aparecem as licitações para a pavimentação da MS-430, que liga o município de São Gabriel do Oeste a Rio Negro, o aterro sanitário de Campo Grande, o Aquário do Pantanal e as Avenidas Lúdio Coelho Martins e Duque de Caxias.
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