Diante de tudo que está acontecendo no Brasil, mesmo com as revelações bombásticas e as prisões de altos dirigentes de grandes empresas, os corruptos e corruptores continuam atrevidos e os esquemas não cessam. Empreiteiras continuam se reunindo para discutir o pagamento de propinas.
É o caso de Angra 3, onde tudo foi acertado, licitações fraudulentas realizadas e propinas repassadas, em pleno andamento da Operação Lava Jato.
Nesse sentido, diante do avanço das investigações, a Construtora Camargo Corrêa pulou na frente e fechou acordo de leniência com o MP e o CADE nesta sexta-feira (31).
Com o acordo a empresa se comprometeu em fornecer informações sobre o esquema de fraude em licitações públicas envolvendo a estatal Eletronuclear.
O acordo de leniência funciona como uma espécie de delação premiada para a empresa, que concorda em revelar detalhes das irregularidades em troca de punições mais brandas.
A Camargo Corrêa vai apresentar provas de como empresas se cartelizaram para forjar disputas de obras em Angra 3. Segundo depoimentos de delatores e documentos apreendidos na 16ª fase da Lava Jato, os consórcios UNA 3 (formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC) e Angra 3 (formado por Queiroz Galvão, EBE e Techint) fraudaram a competição por obras da usina e combinaram entre si que o UNA 3 seria vencedor dos dois pacotes de licitação. Na negociata, depois da vitória do UNA 3, seria cedido espaço para que o consórcio adversário conseguisse um outro contrato no empreendimento.
O acordo firmado pela Camargo Corrêa a beneficia apenas em acusações de crimes concorrenciais, mas não exime a companhia de ter, por exemplo, diretores denunciados criminalmente por corrupção e pagamento de propina.
As irregularidades nos contratos de Angra 3 foram reveladas pelo delator Dalton Avancini, da Camargo Corrêa.
Avancini afirmou que o processo licitatório das obras da usina, realizado já após o início da Operação Lava Jato, incluía um acordo com a Eletronuclear para que a disputa fosse fraudada. "Já havia um acerto entre os consórcios com a prévia definição de quem ganharia cada pacote", disse o delator, que também afirmou que propina deveria ser paga a funcionários da Eletronuclear, entre eles o presidente afastado Othon Luiz Pinheiro da Silva. Em agosto de 2014, em uma reunião convocada pela UTC Engenharia, foi discutido o pagamento de propina de 1% ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear.
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