Uma coisa ficou clara durante a votação do requerimento da Comissão Processante durante a sessão da Câmara Municipal de Campo Grande na sessão de quinta-feira (13): tudo veio definido da reunião que se estendeu por toda a noite no dia 12. O item 3.1, que trata da denúncia detalhada em 145 laudas pelo Ministério Público Estadual que acusa Gilmar Antunes Olarte pelos crimes tipificados em nosso Código Penal como corrupção passiva em continuidade delitiva e lavagem de dinheiro, seria aprovado, mas todos os outros cinco itens não passariam.
E assim foi feito. O vereador Betinho (PRB) aproveitou de todas as oportunidades e não se indispôs nem com os eleitores que lhe permitiram a suplência nas últimas eleições, nem com seu partido. Se Gilmar da Cruz tem o eleitorado cativo entre os integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus, Betinho usou o subterfúgio de aprovar, junto com os demais 28 vereadores, do que já havia sido estipulado para ser aprovado e votou favoravelmente aos outros cinco itens do requerimento, sabendo que não seriam aprovado, de forma que não se indispôs com o partido nem com seus eleitores.
A defesa intransigente, e por vezes acalorada em argumentos ilógicos, coube aos vereadores Edil Albuquerque (PMDB), líder-não-líder de Gilmar Olarte, Professor João Rocha (PSDB) e Chiquinho Telles (PSD), que agem como líderes sem assumirem a liderança para evitar maiores desgastes políticos/eleitorais.
Aos que acreditam em coincidências, assumiram, após o sorteio dos vereadores Gilmar da Cruz, Magali Picarelli, Betinho e Chocolate, que declinaram, os três vereadores da base aliada mais efetivamente defensora do atual prefeito.
Paulo Siufi tem interesses na Saúde, pois indicou a Diretora-Presidente do Instituto Municipal. de Previdência de Campo Grande (IMPCG), Lilliam Maria Maksoud Goncalves, o secretário Municipal de Saúde Pública, Jamal Salem (PR) e foi flagrado em áudio onde, junto com Jamal, negocia participação de 50% nos negócios da Saúde. Esse acordo poderia ser visto até como uma composição política se não houvessem tantas denúncias que vão desde falta de medicamentos, ausência de médicos, maus tratos com a população pela Guarda Municipal de Olarte que dá plantão, ainda que sem preparo para atender à população, nos postos de saúde, greve dos médicos por falta de pagamento etc.
João Rocha sempre se postou como líder não oficial, mais do que votando contra, posicionando-se contra qualquer requerimento que pedisse informações do prefeito, como se referendasse as acusações contra sua companheira de bancada no início da atual legislatura, agora vice-governadora Rose Modesto (PSDB), acusada de receber benefícios para votar pela cassação do ex-prefeito Alcides Bernal. Estranho para quem participou com indicações políticas de nomes para compor o governo municipal do qual fez parte e ajudou a derrubar e ainda faz parte com várias indicações de segundo e terceiro escalões na área da educação.
Chiquinho Telles, vereador em primeiro mandato, chegou a defender a viagem do prefeito Gilmar Olarte em jatinho particular de sócios em empresas prestadoras de serviços para a Prefeitura da Capital, ainda que isso implique crime pela Constituição Federal, talvez desconhecida do vereador, justificando que ele se atrasaria para compromisso em Brasília, sem que tenha se dado ao trabalho de esclarecer a presença da primeira dama, que também se beneficiou do “mimo” do empresário envolvido na Operação Lama Asfáltica, bem como não justificou os motivos pelos quais Andréia Olarte teve suas passagens aéreas de retorno de Brasília pagas pelos cofres públicos.
Conforme parece ter sido o entendimento durante a reunião que definiu o que seria aprovado, como seria a defesa, quem se incumbiria de presidir e relatar o processo legislativo, nós também entendemos que, inocentemente, conhecemos o resultado dessa Comissão Processante.
Além da blindagem ao prefeito Gilmar Olarte, proporcionada pelos 23 vereadores que, por crimes administrativos que parecem pequenos pecados perto dos cometidos pelo atual prefeito, cassaram o direito exercido a duras penas e obrigatoriamente nas urnas por mais de 270 mil campo-grandenses, agora vemos uma peça teatral vulgar aonde eles quase declaram que preferem se eximir da responsabilidade que deveriam ter por direito – legisladores – e rogam para que a Justiça retirem da vida pública o prefeito empossado por eles.
Talvez a utilização do “Santo Nome” em vão tenha feito ebulir as almas de menor luz que agora serão julgadas por três dos cavaleiros das sombras. O tempo dirá.?Olarte fatalmente será afastado, ainda que demonstre – cada vez com menor intensidade – a segurança dos que sabem dos poderes dos bastidores dos acordos, mas com o presidente da Câmara dos Vereadores, Mario Cesar, também sob a lupa da Justiça, a questão é saber o que restará para o vice-presidente da Mesa Diretora, Flavio Cesar, administrar.
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