Mário Sérgio Lorenzetto
Prisão de Delcídio pode levar o governo a um "shutdown", a quase paralisação dos serviços.
A prisão de Delcídio cancelou a pauta de votações do Congresso Nacional e os parlamentares não aprovaram o projeto que reduz a meta de superávit primário do governo de R$55,3 bilhões para um déficit de R$51,8 bilhões. Com isso, a presidente Dilma ficou em uma sinuca de bico: ou descumpre determinação do TCU, já que a meta fiscal não será atingida, ou baixa decreto quase paralisando o governo. Um novo corte de gastos poderá levar a algo parecido ao "shutdown" feito pelo governo dos Estados Unidos em 2013, que significa a redução das atividades governamentais ao essencial.
Deputados e senadores só se reúnem hoje e ninguém consegue prever o resultado e nem a data dessa votação. Aliás, ninguém consegue prever quando o Congresso voltará a funcionar depois da prisão. No governo, o Ministério do Planejamento é contrário a novos cortes e dos pagamentos do que é devido por prever consequências desastrosas. Também avaliam que a lei não é clara e, por isso, não há obrigação expressa de realizar os cortes. Mas, o outro lado do governo federal diz que há o risco de não fazer os cortes e o TCU diz que Dilma cometeu crime no atual mandato, o que poderia levar a novo pedido de impeachment pela oposição. Membros do TCU apontam que a Lei de Responsabilidade Fiscal que haveria uma "infração administrativa" tipificada pela Lei de Crimes Fiscais, um crime de irresponsabilidade. Em suma, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
A nova onda sobre carros. Volkswagen: você conhece, você desconfia.
A General Motors só não quebrou porque o governo dos Estados Unidos saiu em seu socorro. O mesmo ocorreu com a Chrysler. Empresas desse tamanho, quando quebram, causam comoção pública. E a Volkswagen, quebrará após a maracutaia do diesel? Ela está sujeita a multas pesadíssimas. Calculam algo como US$100 bilhões. Valor que abala qualquer empresa, até mesmo a poderosa empresa alemã. O mais provável é que o governo alemão faça gigantescos aportes para salvá-la.
Pão mais caro em 2016.
Menos da metade da produção brasileira de trigo prevista poderá ser usada para consumo humano. Geadas e chuvas, no Paraná e no Rio Grande do Sul, derrubaram a produtividade e a qualidade do cereal. Com isso, o Brasil, que já é um dos maiores importadores de trigo do mundo, terá de ampliar ainda mais as compras no exterior. Estima-se que algo como 6,6 milhões de toneladas terão de ser importadas (5,3 milhões de toneladas na última safra). Trata-se do maior volume desde 2013. Os brasileiros são ávidos pelos produtos derivados do trigo - consumimos nada menos de 11 milhões de toneladas por ano. Com o aumento da importação, especialmente dos Estados Unidos e Canadá, o preço do trigo será elevado e aumentará o preço do nosso pão de cada dia.
Yahoo X Facebook, o caso das licenças paternidade e maternidade.
A poucas semanas de ser pai pela primeira vez, Mark Zuckerberg, o poderoso gerente do Facebook, tomou uma decisão que é pouco comum nos Estados Unidos e no Brasil: tirará licença-paternidade de dois meses quando a filha nascer. Algo como 80% dos homens não tiram mais do que três dias para auxiliar nos primeiros cuidados com a criança que acaba de nascer.
No outro lado do mundo empresarial está Marissa Mayer, uma das raríssimas mulheres com enormes poderes. A poderosa gerente da Yahoo tirou apenas duas semanas de licença-maternidade quando nasceu o primeiro filho. Ela está novamente grávida, de gêmeos, e já anunciou que procederá da mesma forma.
Todos os estudos mostram que quando pais trabalhadores tiram tempo para estarem com seus bebês recém-nascidos, os resultados são melhores para as crianças e suas famílias. Mas para Marissa há um peso adicional, por ser mulher, necessita mostrar que é tão "profissional" quanto seus pares masculinos. Licença-maternidade ou paternidade não é sinal de fraqueza. Pelo contrário: uma sociedade que penaliza a parentalidade está condenada à mediocridade e ao envelhecimento das ideias. Vale lembrar que a licença-paternidade brasileira é de cinco dias e que um projeto de lei que a ampliaria para 15 dias, como nos países mais desenvolvidos, está mofando no Congresso Nacional.
No outro lado do mundo empresarial está Marissa Mayer, uma das raríssimas mulheres com enormes poderes. A poderosa gerente da Yahoo tirou apenas duas semanas de licença-maternidade quando nasceu o primeiro filho. Ela está novamente grávida, de gêmeos, e já anunciou que procederá da mesma forma.
Todos os estudos mostram que quando pais trabalhadores tiram tempo para estarem com seus bebês recém-nascidos, os resultados são melhores para as crianças e suas famílias. Mas para Marissa há um peso adicional, por ser mulher, necessita mostrar que é tão "profissional" quanto seus pares masculinos. Licença-maternidade ou paternidade não é sinal de fraqueza. Pelo contrário: uma sociedade que penaliza a parentalidade está condenada à mediocridade e ao envelhecimento das ideias. Vale lembrar que a licença-paternidade brasileira é de cinco dias e que um projeto de lei que a ampliaria para 15 dias, como nos países mais desenvolvidos, está mofando no Congresso Nacional.
A tragédia de Mariana traz o debate de que as mineradoras pagam pouco para os municípios onde estão localizadas.
Acreditem, uma mina de ouro paga a quantia irrisória de 1% sobre seu faturamento líquido para o governo federal. Esse imposto, que beira o ridículo, é denominado Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM). Quando ocorre a exploração de manganês, a alíquota é de 3% e para o ferro, o governo recolhe 2%.
Aproximadamente R$10 milhões entram nos cofres de Corumbá com esse imposto. Valor muito próximo a esse também é recolhido pela prefeitura de Ladário. Ninharias. As mineradoras são empresas de alta periculosidade ambiental. Só deixam uma garantia: em algum momento, teremos um legado de destruição. Enquanto exploram avidamente nossas riquezas, Brasília patina e surfa na discussão de um novo Código de Mineração. Esse novo marco regulatório da ação das mineradoras está em discussão na Câmara de Deputados desde 2013. Dois pontos que dificultaram o andamento da nova lei foram as alíquotas do CFEM a serem pagas pelas mineradoras e o direito de elas explorarem os minerais brasileiros. O novo código recebeu mais de 400 emendas e está bastante desconfigurado. Nem um só governador, prefeito ou movimento social foi ouvido. A comissão que analisa o projeto de lei é composta por 37 deputados. Desses, 17 receberam contribuições de mineradoras para suas campanhas. É uma discussão exclusiva dos deputados com os donos das mineradoras.
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