quinta-feira, 6 de agosto de 2015

‘Coletor de dinheiro’ de Amorim pediu nomeação em concurso da Sefaz


Pecuarista diz que resolveu questão com André Cance
José Carlos Franco de Souza, engenheiro agrônomo apontado pela Polícia Federal como “coletor de dinheiro” na suposta organização criminosa que envolveria políticos e empreiteiros de Mato Grosso do Sul, aparece nas escutas da Operação Lama Asfáltica fazendo um pedido inusitado. Ele 'solicita' uma das vagas no concurso da Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul) para alguém identificado como motorista.
O concurso, com vagas para os cargos de fiscal de rendas e agente tributário, que estão entre os mais altos salários pagos aos servidores públicos estaduais, foi envolvido em suspeitas de fraudes do começo ao fim echegou a ser suspenso pelo então governador André Puccinelli (PMDB) após o Jornal Midiamaxrevelar irregularidades na banca que elaborou uma das versões da prova.
Mas as denúncias acabaram 'contornadas' e recentemente Reinaldo Azambuja (PSDB) iniciou a convocação dos aprovados. Nas escutas, uma das conversas adianta que as convocações seriam deixadas para o 'próximo governador'.
As gravações o mostram fazendo o pedido para Mauro Cavalli, administrador e pecuarista que já foi coordenador-geral de licitação da Semad (Secretaria Municipal de Administração de Campo Grande) durante a gestão de André Puccinelli na Prefeitura
José pede uma posição a Mauro, que disse que iria pescar “com o pessoal lá” e ver a possibilidade de nomear 'o motorista'. O pecuarista afirma que vai pedir para o seu funcionário falar com a chefe, “a japonesa”, para poder dar a ele uma “informação precisa”. Eles se referem a Thie Higuchi, secretária da SAD (Secretaria de Estado de Administração) na gestão Puccinelli.
As conversas foram gravadas no início de dezembro e mostram, inclusive, a transição de governo entre Puccinelli e Reinaldo Azambuja. Mauro informa que ligou para André Cance (que teve um ex-cunhado aprovado no concurso, André Luiz Pereira da Silva, que era procurador jurídico da Câmara Municipal de Campo Grande e suspeito de ter visto a prova antes do concurso) e que ele informou que Puccinelli e Reinaldo teriam supostamente combinado para que Reinaldo fizesse a convocação.
- Viu, bom , eu resolvi e liguei para o André Cance, porque ele é da pasta lá – diz Mauro
-Ah é, ele que é do setor lá
- É, aí ele disse o seguinte, que já, o atual e o futuro governador, já sentaram e essa, o concurso vai ficar para o Reinaldo chamar...
- Ah, pro Reinaldo chamar.
- É, o André não vai chamar.
No fim da conversa, Mauro diz que a nomeação só sairia em 2015. No último mês, o governo do Estado convocou 75 para nomeação, sendo agentes tributários e fiscais de renda. Desses, alguns abaixo da classificação, definidos pelas cotas.
Nas escutas, a Polícia Federal não chega a identificar a quem o código de 'motorista' se refere e não falam o nome de quem pleitearia a nomeação pedida por José Carlos Franco. Além do favor, José Franco é interceptado fazendo diversas ligações para tratar de aplicações de dinheiro.
Ele combina de ir buscar valores com várias pessoas, entre elas Elza Cristina Araújo dos Santos, braço-direito de João Amorim na Proteco Construções Ltda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário