terça-feira, 28 de julho de 2015

Dona de casa, filha de João Amorim assinava cheques em branco para o pai


Sem atividades econômicas formais, Ana Paula também era usada como laranja nas atividades ilícitas do pai e do marido

Filha e esposa de empresários investigados pela Operação Lama Asfáltica, Ana Paula Amorim Dolzan, é apontada pelas investigações da Polícia Federal como ‘laranja’ das atividades criminosas dos familiares. 

Conforme relatório do MPF (Ministério Público Federal), ela não desenvolve qualquer atividade econômica, mas assina cheques em branco a mando do pai, o empreiteiro João Amorim.

Em ligação realizada no dia 18 de fevereiro, às 08h26, Ana Paula liga para o pai e questiona: “Ontem a Elza [Cristina Araújo dos Santos] veio aqui e deixou vários cheques pra mim assinar, frente e verso. É isso mesmo? [sic]”. Em resposta, João destaca que a solicitação está correta e tranquiliza a filha.

Edição: Geovanni Gomes 

Elza seria mais uma das laranjas de João Amorim. Sócia da Kamerof Participações, empresa participante do grupo Itel Informática, Elza dos Santos trabalhava como braço direito do empreiteiro e foi flagrada em diversas ligações telefônicas supostamente negociando pagamentos de propinas e encontros com agentes públicos.

O esposo de Ana Paula, Luciano Dolzan, também está na mira da PF, pois atuaria como intermediário de João. Dono da LD Construções, que possui participação no Consórcio Solurb, ele assumiu a licitação para construção do aterro sanitário em Campo Grande e a coleta de lixo.

Mesmo no grupo de empresas investigadas, a LD Construções mantém contratos com o Governo do Estado e com a prefeitura, sendo que venceu a licitação para manutenção das estradas e rodovias estaduais da região de Dourados nesta semana e teve o contrato com o município prorrogado por mais um ano.

Investigações
A Operação Lama Asfáltica investiga uma organização criminosa que teria fraudado diversas licitações em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Os suspeitos teriam cometido os crimes de sonegação fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva e fraudes à licitação.

O nome da operação faz referência a um dos insumos utilizados em obras com indícios de serem superfaturadas identificadas durante as investigações. Durante o cumprimento de mandados e apreensão na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu documentos, uma obra de arte e mais de R$ 747,9 mil, em moedas nacionais e estrangeiras. 

Entre os contratos com indícios de fraude aparecem as licitações para a pavimentação da MS-430, que liga o município de São Gabriel do Oeste a Rio Negro, o aterro sanitário de Campo Grande, o Aquário do Pantanal e as Avenidas Lúdio Coelho Martins e Duque de Caxias. Para entender o papel dos suspeitos já divulgados, leia mais aqui

A ação da PF em conjunto com a Receita Federal, a Controladoria Geral da União e o Ministério Público Federal cumpriu 19 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara Federal de Campo Grande, em residências e empresas dos investigados.

Foram vistoriadas as casas do ex-secretário municipal de administração, José Antônio de Marco, do ex-secretário estadual de obras, Edson Giroto, as propriedades do empresário João Amorim e a sede da Seinfra (Secretaria de Estado de Obras e Infraestrutura)/ Agesul (Agencia Estadual de Gestão de Empreendimentos).

De acordo com a Receita Federal, as investigações começaram a dois anos, quando foram detectados indícios de que importante empresário de Mato Grosso do Sul, possivelmente João Amorim, e diversas pessoas ligadas a ele corromperiam servidores públicos, fraudando licitações e desviando recursos públicos.

Dentre as ações do suposto grupo criminoso consta o direcionamento de licitações a empresários ligados à organização, os quais recebiam valores supostamente superfaturados e repassavam parte dos lucros a servidores coniventes envolvidos. Também foram identificadas vultosas doações para campanhas de políticos.

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