Da Redação
Interceptações Telefônicas da Policia Federal autorizada pela Justiça Federal flagra conversa entre o ex-deputado estadual Antonio Carlos Arroyo (PR) e o empreiteiro João Amorim, alvo da Lama Asfáltica sobre uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS).
Conforme as investigações, o interesse de Amorim era que a vaga fosse assumida pelo então secretário estadual de Obras Públicas e de Transportes, Edson Giroto. O presidente do TCE, Waldir Neves, até agora não se manifestou sobre os fatos, mas é compreensível, além de ter sido financiado pelo irmão de Amorim, Sandro Beal, é também responsável em julgar contas das empresas do lobista.
Segundo levantamento feito pelo site Às Claras, ligado à ONG Transparência Brasil, a campanha eleitoral do então deputado federal Waldir Neves em 2006 foi financiado na pessoa física de Sandro Beal, irmão de Amorim. E por empresas ligadas ao grupo, acompanhe:
Entenda o caso
No dia 30 de dezembro de 2014, João Amorim telefona para Arroyo. A PF concluiu que o parlamentar se sentia traído pelo então governador André Puccinelli (PMDB) porque ele teria voltado atrás na indicação de Arroyo para uma vaga de conselheiro no TCE-MS.
Arroyo: O João, o que fizeram não se faz com homem... o André que fez, João, é o André. Tudo, entendeu? João Amorim: Você não acha que isso tem salvação ainda?
Arroyo: O João, eu não tô acreditando mais... Tá tudo armado, João, foram tudo, Brasília, tudo. Cercaram tudo, muito, muita estrutura. Cê sabe que eu to falando, entendeu?... Mas não precisava... Não usa os outros, chamando os outros de idiota, de criança.... Agora não gostaria de tomar as atitudes que de repente eu vou ter que tomar. Porque infelizmente vai entrar gente que não teria culpa nisso. Cê entendeu, João?... Ninguém vai livrar não. Tá achando que eu vou acreditar que nomeou eu e então, eu tive várias provas, João.
João Amorim: Não, não, Arroyo.
Arroyo: O que eu não queria é que de repente pode entrar pessoas que não merecem, cê tá entendendo? Mas, João, eu fiz todo jogo, cara.
De acordo com o relatório da PF, caso não recebesse a vaga de conselheiro prometida pelo governador, Arroyo ameaçava divulgar informações contra André Puccinelli, empresários e outros políticos.
Arroyo: O Jerson pediu pelo amor de Deus, falei avisa o Osmar que ele não toma posse, primeira coisa, o Osmar não toma posse.
João Amorim: Por quê?
Arroyo: Cê vai ver na imprensa, ele não toma posse, se ele insistir em tomar posse dia primeiro, aí a casa já caiu de vez.
João: Os jogos eu conheço todos, né, Arroyo?
Arroyo: Lógico, nós conhecemos. Né, João?
João: Não, lógico. O Jerson é o único assustado nessa história, eu acho.
Arroyo: Já ligaram pro Jerson. O Jerson me chamou desesperado, entendeu? Falei, olha, isso só é a ponta do iceberg. Vocês tão achando que a gente tá brincando? Vocês tão achando que eu não vou no limite? Eu já passei do limite, entendeu?... Falei pra ele dá esse recado, nesses termos: fale pro Osmar, se ele for tomar posse dia primeiro, a casa cai. Eu vou tá lá na posse e vou levar documento pra mostra pra imprensa. Aí o Jerson também já desesperou. Nós temos que conversar pessoalmente. Não é hora, tá?
Para a PF, Jerson se trata do então presidente da Assembleia Legislativa, ex-deputado estadual Jerson Domingos, que hoje é conselheiro do TCE, e Osmar era o chefe da Casa Civil, Osmar Jeronymo, que estava prestes a tomar posse no TCE, em outra vaga indicada pelos deputados. Ao final da conversa, o empreiteiro oferece ajuda a Arroyo.
João: Eu tô à disposição para ajudar no processo, pelo menos de susto.
Arroyo: Eu já passei da fase de assustar, na boa.
João: Não, eu sei.
Arroyo: Entendeu? Nós estamos avaliando as consequências agora... Eu só quero que façam o que eu tinha direito, o que eu tenho direito... Já vieram algumas propostas, eu quero o que foi prometido para mim. João: Arroyo, deixa eu te explicar uma coisa, eu preciso conversar pessoalmente com você, que baseado nessa conversa, eu posso conversar e dar o tamanho da confusão.
Arroyo: O João, deixa eu acalmar aqui em casa a minha família, amanhã de manhã nós conversamos... João, eu só quero que façam o que foi combinado comigo. Tô tentando não deixar quebrar o cristal. Se quebrar o cristal, todo mundo perde.
Osmar Jeronymo tomou posse como conselheiro do TCE em janeiro. Arroyo, até agora, de acordo com a PF, não apresentou oficialmente qualquer denúncia contra o grupo e também não se tornou conselheiro do TCE. A vaga não foi aberta porque o Tribunal de Justiça (TJ-MS) não reconheceu a aposentadoria do conselheiro José Ricardo Cabral e determinou o retorno dele à vaga de conselheiro no tribunal.
Fonte: G1
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