quinta-feira, 30 de julho de 2015

PF apura conexão entre quadrilhas da Lama Asfáltica e Lava Jato



Fabiano Portilho
 
A Polícia Federal encontrou no escritório do empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos documentos que revelam as conexões entre duas quadrilhas flagradas em escândalos com desvio de recursos públicos nos últimos anos. Contratos, notas fiscais, extratos bancários e e-mails que estavam com Amorim mostram que uma empresa de fachada do empreiteiro manteve negócios com a Sanches Tripoloni.
Mensagens em e-mails são referentes a pagamento de locação entre as empresas, envolvendo vultuosas quantias em espécie, o que levou os investigadores a suspeitarem desvio de recursos públicos ou superfaturamento. Segundo informações, as mensagens referentes a Ase Participações e Investimentos, foram localizados documentos que se referem a mais de R$ 10,5 milhões. A maioria dos e-mails são de contratos entre a Ase e a Construtora Sanches Tripolini.
Para se ter uma ideia, um dos documentos encaminhados por e-mail para a Tripolini tem o valor de R$ 440.000,00. Seria para o pagamento do aluguel de equipamentos para correção de “medição de serviços de subempreiteiros. A Ase Participações é uma das empresas da organização de João Amorim e, segundo as investigações, esta ligada a Kamerof, por meio desta empresa, se tornou sócio de João Baird na Itel Informática Ltda. em 1º de abril de 2010. Coaf investiga operações financeiras de Baird e Amorim
Sanches Tripoloni financiou Giroto, alvo da Lama Asfáltica
Segundo levantamento da Policia Federal a Construtora Sanches Tripoloni, do Paraná, que foi denunciada pela revista Istoé por ser a maior doadora do PR (Partido de Giroto), que controlava o Ministério dos Transportes e o Dnit, até que uma crise provocada por pagamentos indevidos derrubou toda a cúpula dos dois órgãos, em 2011.
A reportagem da revista começou afirmando que “empreiteiras beneficiadas por Paulo Sérgio Passos (ministro) na liberação de R$ 78 milhões para obras irregulares doaram mais de R$ 5 milhões a candidatos do PR nas eleições do ano passado”.
A campeã foi a Tripoloni, com fantásticos R$2.5 milhões de doação ao PR, partido pelo qual Giroto se elegeu deputado federal em 2010. No MS, além da BR-359, a Sanches Tripoloni teve obras milionárias como a reforma da BR-060, MS-422 e a MS-223, que somadas lhe renderam mais de R$ 136 milhões.
Só na pavimentação da MS-43, que será inaugurada nesse final de semana pelo governador, a Tripoloni abocanhou dois lotes, ficando com R$ 136 milhões.
A Tripoloni, sediada em Maringá, interior do Paraná, recentemente ganhou mais duas licitações seguidas para asfaltar a MS -112, totalizando R$ 63 milhões.
A Sanches Tripoloni, aumentou seus contratos com o DNIT em 1.273% de 2004 a 2015. Sua participação nos subiu de R$ 20 milhões em 2004 para R$ 267 milhões no ano passado (valores atualizados pela Folha de São Paulo). A empresa, que foi a maior doadora do PR, chegou a ser declarada pelo TCU como inidônea em maio deste ano, mas os motivos dessa decisão foram corrigidos posteriormente, segundo o Tribunal.
Conexão da Lama Asfáltica com Lava Jato
Em meio a tantas informações, os integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato trabalham para garimpar provas que reforcem a conexão entre a Sanches Tripoloni de Maringá (PR), e os alvos da Lama Asfáltica.
Procuradores da República e policiais federais da Lava Jato estão debruçados sobre o tema, que pode complicar ainda mais a situação da senadora do Paraná Gleisi Hoffmann (PT), acusada de ter recebido R$ 1 milhão do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história. Tanto Gleisi e o ex-Ministro Paulo Bernardo foram secretários de estado em Mato Grosso do Sul no governo Zeca do PT indicados na época pelo Senador Delcídio do Amaral (PT) citado também no escândalo da Petrobras.
A grande questão que tira o sono da equipe que investiga os crimes cometidos no âmbito da Lava-Jato é a rota do dinheiro desviado da obra do anel viário de Maringá, orçada inicialmente em R$ 142 milhões, mas que com o passar do tempo saltou para R$ 179 milhões. Executada sob o guarda-chuva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que até a poucos dias estava sob o comando de Edson Giroto, alvo da Operação Lama Asfáltica em Mato Grosso do Sul e sócio de Amorim, flagrado trocando e-mails duvidosos com a Sanches Tripoloni.
Responsável pela execução da obra, a construtora Sanches Tripoloni rebateu a análise do TCU, mas agora pode estar na mira da força-tarefa da Lava-Jato, o que não é bom sinal para todos os envolvidos no suposto esquema de corrupção que pode ter tentáculo em Mato Grosso do Sul.
Elo que liga Gleisi, Bernardo & Tripoloni
Gleisi recebeu R$ 510 mil de três diretores da construtora Sanches e Tripoloni, a empreiteira responsável pela construção do Contorno Norte, em Maringá – obra suspeita de superfaturamento e investigada pelo TCU – e que custou R$ 412 milhões. Gleisi e seu marido, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) foram acusados ainda de usar o jatinho da empreiteira na campanha de 2010.
Além disso, Yousseff confirmou que entregou R$ 1 milhão para Gleisi, através de um empresário dono de shopping popular em Curitiba, em quatro parcelas de R$ 250 mil. Yousseff confirma a versão das anotações na caderneta de Paulo Roberto Costa em que se registra “P.B – 0.1″ – e que significa, segundo os dois delatores, “R$ 1 milhão para Paulo Bernardo”. Pasmem o Shopping pertence a família Tripolini.
As autoridades da Operação Lava-Jato e da Lama Asfáltica querem identificar se o esquema criminoso operado pela quadrilha seria o mesmo de Alberto Youssef, e com isso fazer uma conexão.


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