domingo, 5 de julho de 2015

Em 40 dias, greve teve de tudo, menos reajuste para professores

Prefeitura está irredutível, adesão à paralisação vem caindo aos poucos e o movimento perde força

Foto: Deivid Correia
Com os mais de 40 dias de greve dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), muita coisa aconteceu, menos o acordo do reajuste de 13,01% com o município.

Já foram realizadas passeatas pelas principais vias de Campo Grande com trio elétrico, pedaladas, acampamentos, ações no Tribunal de Justiça e até um arraial em frente à Prefeitura.

Durante esse tempo de paralisação, os professores chegaram a ocupar também o plenário da Câmara Municipal por aproximadamente dez vezes com a intenção de pedir ajuda dos vereadores para intermediar um acordo com o prefeito. O peemedebista Edil Albuquerque tinha ficado responsável por essa 'ponte', mas nada foi resolvido e o dilema professores versus prefeitura permanece.

Com o intuito de barrar a greve, o município chegou a entrar com recurso no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), e ordenou que 66% dos professores da  Reme voltassem ao trabalho desde o último dia 8 do mês passado. O desembargador Carlos Eduardo Contar, determinou multa de R$ 50 mil por dia, caso a classe não cumprisse a ordem.

Apesar da decisão, a multa estipulada para os casos de desobediência judicial, não está sendo cobrada. Isso porque o advogado da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais de Educação), Ronaldo de Souza Franco, entrou com o recurso, em uma ação de embargo.

De acordo com o presidente da ACP, Geraldo Gonçalves, cerca de 70% dos Ceinfs estão funcionando e 36% das escolas municipais estão com aulas. Ao todo, são 4.407 professores, segundo dados de 2014 do Educasenso, onde aproximadamente 1,5 mil estão no trabalho.

Depois de mandar a maioria dos educadores voltarem às salas de aulas, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul ainda concedeu uma  liminar determinando que os grevistas não bloqueiem a rua em frente a prefeitura ou façam barulho nas imediações.

Mesmo assim, os professores continuam fazendo manifestações em frente ao Paço Municipal. A alternativa encontrada para a proibição de carros de som são faixas e cartazes que mostram a revolta com o pedido para ficarem 'calados'. O novo mantra diz: 'Não buzine, o prefeito está trabalhando'.

Reivindicação
Os educadores pedem 13,01% de reajuste, aumento necessário para cumprimento da lei federal que estabelece o piso salarial dos professores. Eles estão em greve desde o dia 25 de maio e tentam fazer um acordo com o município desde então, mas a administração se recusa a ceder.

Mesmo com mais de 40 dias em greve e várias propostas de como o município poderia estar pagando os 13,01%  pedido pela categoria, nada do problema ser resolvido. Diversos encontros para buscar uma solução já foram feitos, menos com o principal, o prefeito da Capital, Gilmar Olarte (PP), que durante todo esse tempo ainda não se reuniu com os educadores.

O presidente da ACP lamenta todo esse tempo de greve, mas diz que os 13,01% estão estabelecidos na lei e ela precisa ser cumprida. "Lugar de professor é na sala de aula, não gostamos de greve e teremos que repor todas as aulas. Não gostaríamos que tudo estivesse assim, greve não é bom para ninguém, mas reivindicar os direitos também é educar", enfatiza Geraldo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário