sexta-feira, 24 de julho de 2015

Na “janela”: escândalos na gestão de Nelsinho desvalorizam cacife partidário dos Trad


Foto: Correio do EstadoFoto: Correio do Estado
O sobrenome Trad deixou de ser um bom negócio político para partidos interessados em cooptar personagens de ponta de um dos maiores e mais antigos clãs da vida pública de Campo Grande. A sucessão de escândalos que vêm sendo revelados por investigações e operações especiais das instituições de controle e fiscalização atingem frontalmente a gestão administrativa  do ex-prefeito Nelson Trad  Filho (PMDB).
Embora tenha sido eleito com apoio do partido, nos dois mandatos em que comandou o Executivo Municipal, Nelsinho já sinalizou descontentamento com os seus correligionários e também passou a integrar a fila de postulantes que querem deixar o partido em busca de mais espaço, aguardando a abertura da chamada “janela” projeto  de reforma política que deve abrir no Congresso Nacional para permitir o troca-troca partidário sem risco de perda de mandato. As legendas mais cogitadas para agregar Nelsinho seriam o PSD, PTB e até PSB.
NOVO ABRIGO - O sonho dourado de Nelsinho é constituído de etapas bem conhecidas. A primeira: achar um novo abrigo partidário e cortar de vez o cordão umbilical que o liga ao antigo “padrinho” e hoje seu maior desafeto político, o ex-governador André Puccinelli, por cujas mãos adentraram na cena das disputas eleitorais. Na etapa seguinte, o objetivo é alijar Puccinelli da vida pública, criando obstáculos aos seus projetos, entre os quais o de retomar o comando da Prefeitura de Campo Grande e do governo do Estado.
Entretanto, os dirigentes máximos das legendas disponíveis já sabem do sério risco que podem correr se forem comprovadas as suspeitas que remetem especialmente Nelsinho ao centro de investigações de dois escândalos em apuração no âmbito do Ministério Público, Polícia Federal e Controladoria-Geral da União. O “caso Gisa” e a Operação Lama Asfáltica afundam a gestão de Nelsinho Trad num poço de indícios que, segundo os órgãos de investigação, indicam a existência de armações criminosas para desviar dinheiro publico.
Os dois escândalos assumiram proporções tão gigantescas que mereceram espaços de destaque nos principais noticiários do Brasil. Além de Nelsinho Trad, outro membro da família, seu primo Luiz Henrique Mandetta (DEM), deputado federal reeleito, e mais 24 pessoas – entre empresários e servidores públicos – foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) em ações de improbidade por fraudes na implantação do sistema Gisa (Gestão de Informações em Saúde) pela Prefeitura de Campo Grande.
O sistema, que deveria modernizar e integrar a rede pública de saúde do município, recebeu investimentos de mais de R$ 8,1 milhões do Mistério da Saúde, mas foi marcado por favorecimento e falhas contratuais, de acordo com o que apurou o MPF. Nelsinho era prefeito e Mandetta o secretário municipal de Saúde quando o contrato para implantação do Gisa foi feito. As investigações constataram várias irregularidades no processo contratual que motivou o pedido de enquadramento de Nelsinho e Mandetta em crime de improbidade administrativa.
PESADELO - Mas é a Operação Lama Asfáltica o maior pesadelo de Nelson  Trad Filho. O escândalo abalou o núcleo do partido e do grupo que por mais de duas décadas controlaram o poder político e administrativo da capital de Mato Grosso do Sul. Assistidas em todo território nacional, as cenas de agentes federais cumprindo mandados de busca e apreensão de documentos na residência e nas empresas de João Amorim, empreiteiro que na gestão de Nelsinho Trad tornou-se o “rei das obras publicas” na cidade, são um fator de inevitável desgaste e esfriam o ânimo de partidos que, antes,poderiam abrir a guarda para abrigar o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho.

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