Edivaldo Bitencourt e Thiago de Souza
O MPE (Ministério Público Estadual) ingressou com ações por improbidade administrativa na Justiça contra seis médicos, incluindo-se o vereador Paulo Siufi Neto (PMDB). Eles foram acusados de receber salários sem prestar serviços na rede pública de saúde de Campo Grande. Conforme os promotores, o prejuízo aos cofres públicos fica em torno de R$ 1 milhão.
Foram denunciados os médicos Paulo Siufi, Corina Galhardo Martinho, Edileuza de Andrade Lopes Dias, Gerson Gattas Orro de Campos, Maria Eugênia Faria Tavares e Valdemário Júnior. As denúncias foram feitas pelos promotores de Justiça do Patrimônio Público, Fernando Martins Zaupa, Thalys Franklins de Souza e Thiago di Giulio Freire.
Conforme o MPE, as investigações comprovaram que houve dano ao erário a partir do momento em que o dinheiro público poderia ser empregado em outros meios da saúde e enriquecimento ilícito, porque houve pagamento de horas não trabalhadas.
De acordo com a investigação, só Paulo Siufi recebeu R$ 447,4 mil, considerando-se valores corrigidos, para trabalhar 6.360 horas na Unidade Básica de Saúde Manoel Cordeiro, no Distrito de Aguão. Entretanto, só trabalhou 1.152 horas (18,12% do total). O vereador, que é médico pediatra, só comparecia uma vez por semana no posto de saúde.
Na denúncia encaminhada à Justiça, os três promotores destacam que cada consulta de Siufi custou R$ 361,50 aos cofres públicos, valor muito superior ao pago pela rede privada.
O MPE pediu o ressarcimento integral do dano, a perda dos bens ou valores acrescidos ao patrimônio, a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil e proibição de pagar com o serviço público.
O médico Valdmário Rodrigues Júnior recebeu por 6.120 horas, mas só trabalhou 1.192 horas, de acordo com a denúncia do MPE. No entanto, neste caso, os promotores não estimaram o valor pago irregularmente pelo município. Também não foi divulgado os valores pagos indevidamente aos médicos Corina, Edileuza, Gerson e Maria Eugênia.
Outro lado - O médico cardiologista Gerson Gattas Orro de Campos disse desconhecer a denúncia, mas acredita que a questão tenha conotação política. "É uma coisa chata, você que cumpre seu horário certo, passar por isso. Há algum tempo teve colega médico que tinha vínculo político na Prefeitura, e fazia atendimento três vezes por semana em uma zona rural, mas não posso garantir se eles cumpriam o horário", declarou Campos.
Gattas trabalha no CEM (Centro de Especialidades Médicas), às segundas e quartas-feiras, com carga horária de seis horas por dia.
O Campo Grande News entrou em contato com todos os médicos investigados, porém muitos não atenderam as ligações e outros não deram o retorno, conforme prometido.
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