Os parlamentares acusados pela vereadora de participarem de esquema pela cassação demonstram hostilidade
Os vereadores acusados pela vereadora Luiza Ribeiro (PPS) de participarem de esquema de propina em troca da cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), em 2014, não pouparam críticas à parlamentar dentro da Câmara, na sessão desta terça-feira (20). Para eles, Luiza quer mesmo é 'se promover’. Foi o que acusou o vereador Airton Saraiva (DEM), por exemplo.
“Ela quis mostrar que é a única que não tem nenhum pecado. Agora supor para prejudicar as pessoas é uma tentativa de se autopromover”, disparou o parlamentar.
Revoltado, ele ainda reclama que Luiza foi omissa, já que a vereadora afirmou saber do esquema, mas não tomou providências . “Por que não fez essa denúncia antes? Tinha gente do partido dela sendo líder de prefeito. Então quer dizer que ela participou todo esse tempo e ficou quieta? Ou será que o PPS negociou o cargo? Supostamente ela fala, supostamente ela participou”, acusou ele.
O vereador também afirma que Luiza Ribeiro “quer dar uma de boa samaritana”. “O marido dela fazia parte do governo do André (ex-governador André Puccinelli, PMDB). Na minha opinião, ela deu um depoimento irresponsável. Somos vereadores, temos que ter prova. Não pode ficar no ‘ouvi dizer’”.
Já Alex do PT, preferiu assumir uma postura menos crítica. Apesar de dizer que a vereadora fez declarações “sem pensar”, o petista não fez acusações à Luiza. “Nessa parte que ela afirma ter conhecimento de um monopólio sobre a operação tapa buraco (monopólio de empresas ligadas ao empreiteiro João Amorim), ela fala sem pensar. Tem que refletir um pouco mais, porque é grave. A Câmara mesmo tem denúncias, mas tem que ser comprovado”.
Na opinião do vereador, “Luiza Ribeiro também exagerou ao afirmar que tinham vereadores da periferia se beneficiando (no depoimento ela se refere ao vereador Chocolate, PP)”. “Acredito que caso ela concorde, que ela se retrate. Não acho que temos que colocá-la em um banco de réu. Também não acho que isso caiba à Comissão de Ética”, concluiu.
Chiquinho Telles (PSD) pensa que a vereadora agiu “no calor do momento”. “A Luiza é advogada, ela deveria ter provas antes de falar, além de ser parlamentar, ela exerce uma profissão e o principal é ter provas ao afirmar algo. Acabou agindo no calor do momento e afirmando coisas sem ter como provar”.
Telles ainda cutucou a vereadora, ao declarar, de modo sutil, que havia irregularidades à época do trabalho de Luiza na Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). “Ela não iria gostar se prestássemos depoimentos dela, falando que ela fez alguma coisa na Funsat”, disse.
Ele ainda afirma: “Ela participou do governo do Nelsinho (Nelson Trad, PPP) e do André (André Puccinelli PMDB). Agora disse que existem erros e ficou quieta? Acho que ela é uma excelente parlamentar, mas disse sem pensar”, declarou.
O vereador João Rocha (PSDB), presidente da atual Comissão de ética da Câmara foi diretamente atingido pelo depoimento. A vereadora afirma, no vídeo, que o parlamentar foi o articulador do esquema de cassação de Bernal.
“A colega tem que se responsabilizar por tudo que ela verbaliza, ela deixa todos com dúvidas porque fala coisas sem substância. Assisti ao vídeo e é fácil perceber que, em alguns momentos, ela perde a cronologia do que está falando. Principalmente quando afirma que fui o articulador da cassação. Sempre ajudei os prefeitos, mas chega uma hora, quando o trabalho não está evoluindo, que tenho que fazer meu trabalho como parlamentar”.
O tucano também espera que Luiza Ribeiro se retrate, mas afirma que não irá cobrar o “mea culpa” da vereadora. “Por questões políticas não vou cobrar, mas pretendo conversar com ela sobre questões pessoais. A comissão de ética está analisando tudo com muito cuidado. Ela deve conversar com o presidente da Câmara, mas a Comissão não pretende estremecer isso”, defende.
Questionado sobre o fato da acusação feita no vídeo respingar em seu trabalho na presidência da Comissão, João Rocha aparentou tranquilidade. “Não atinge de forma nenhuma. A comissão segue trabalhando normalmente. Nos depoimentos os vereadores podem fazer afirmações, mas a questão é prová-las”.
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