Segundo ele, embora tenha recebido doações do ex-cunhado durante a campanha, outros candidatos que disputaram as eleições também foram contemplados
Após o Top Mídia News revelar que o ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, do PMDB, teria recebido apoio do empresário João Amorim (ex-cunhado de Trad) para lançar a sua candidatura durante as eleições de 2014 e que teria continuado na lista dos beneficiados do esquema em 2015, a reportagem entrou em contato com Nelsinho para ouvir o outro lado.
Nelsinho explicou que 'não há nada de errado em receber apoio de empresários' e afirmou que não poderia comentar 'muito' sobre o caso porque 'desconhece o teor do inquérito da Polícia Federal'. Mas ainda assim, respondeu alguns pontos da matéria publicada nesta manhã.
Um dos pontos abordados foi com relação a interceptação feita pela Polícia Federal, no dia 17 de maio de 2014, onde o empresário João Amorim e o ex-prefeito foram flagrados em conversa telefônica sobre a possibilidade de Nelsinho disputar a eleição de 2014.
Na ocasião, Amorim teria afirmado que Edson Giroto (homem forte dentro do governo) teria gostado da ideia e que levaria a proposta ao ex-governador André Puccinelli, do PMDB. No dia seguinte, Amorim teria ligado para Nelsinho ressaltando que Giroto e Puccinelli deveriam ser inclusos no projeto para dar uma 'alavancada'.
Em resposta, Nelsinho disse que não se lembra com quem conversou ou se conversou sobre o assunto. "O que posso dizer é que não me lembro se conversei isso. Mas como se tratava de uma pré-campanha, eu conversei com várias pessoas que queriam apoiar a minha candidatura e com representantes do PMDB, mas onde está o problema de eu receber o apoio de empresários?", indagou.
A reportagem ainda questionou sobre o fato da empresa Proteco Construções Ltda ter financiado a sua campanha durante as eleições de 2014. O apoio do empresário João Amorim ficou evidenciado através das doações de campanha no valor R$ 386 mil ao diretório do PMDB.
Segundo Nelsinho, as doações de campanha não foram realizadas diretamente para ele. "A doação não foi depositada na minha conta. Foi depositada na conta da diretoria do PMDB que ficou responsável e distribuiu o dinheiro. Acredito que esta empresa tenha feito doações a outros partidos e não foi só para mim. É só olhar a prestação de contas de outros candidatos que vai ver. Está tudo lá, pode procurar. Mas isso não é divulgado né".
Outra empresa, a LD Engenharia Ltda, de propriedade de Luciano Dolzan e de Elza Cristina Araújo dos Santos - apontada durante as investigações como laranja do empreiteiro João Amorim -, repassou R$ 200 mil e o empresário João Baird, como pessoa física, investiu mais R$ 630 mil.
Conforme a investigação, uma nova conversa foi interceptada pela Polícia Federal no dia 9 de janeiro de 2015, aponta o favorecimento do ex-prefeito em mais ocasiões. Elza Cristina conversa com uma mulher identificada como Sandra, que seria possivelmente secretária de Nelsinho, ela relata que partes das transações e marca um encontro no consultório de Trad Filho. Durante o bate-papo, Elza reclama do pagamento de despesas de uma fazenda do ex-prefeito.
“Eu tenho fazenda pra tar pagando, coisa que nem a parte dele ele tá fazendo, cê entendeu, ainda tem que sair pra atender o bonitão [sic]”, afirma. Na ocasião, ela ainda fala de uma reunião com uma pessoa identificada como Neto, em que ela explica que não poderia resolver um problema financeiro sem ter o respaldo de João, possivelmente Amorim, pois o dinheiro não era dela. Neto seria Nelson Trad Neto.
Questionado sobre essa questão, Nelsinho desmentiu que teve os gastos pessoais pagos por Amorim e que nunca teve fazenda. "Essa denúncia é totalmente improcedente. Nunca tive fazenda. Pode olhar na minha declaração de imposto de renda. Essa informação não procede".
Por fim, a reportagem ainda perguntou a Nelsinho sobre a suposta funcionária de nome Sandra identificada pela Polícia Federal e que teria tratado a questão com Elza, laranja de Amorim. "Essa é outra informação que não procede. Nunca tive secretária de nome Sandra. Tive outras secretárias como Alexandre, Cristina e depois Ana Paula, mas Sandra nunca houve".
Nelsinho é citado na investigação Lama Asfáltica, assim como o ex-governador André Puccinelli, o ex-secretário do Ministério dos Transportes, Edson Giroto. Os investigados, ao lado de João Amorim, são suspeitos de participarem, conforme a Polícia Federal, de uma quadrilha que fraudava licitações de obras pública que causou um rombo que pode chegar a R$ 11 milhões. O caso foi encaminhado para o Ministério Público Federal
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