terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Empresas de tapa-buraco 'casca de ovo' colecionam escândalos em MS

Empreiteiras que atuam em Campo Grande se envolveram em uma série de episódios de repercussão nacional e algumas são alvos de investigações policiais





Das três empreiteiras que realizam o serviço de tapa-buraco em Campo Grande, pelo menos duas delas estão envolvidas em escândalos de repercussão nacional. Segundo informado pelo prefeito Alcides Bernal (PP), em agenda pública, possuem contratos ativos a Selco Engenharia Ltda, a Wala Engenharia Ltda e a Gradual Engenharia e Consultoria Ltda. No entanto, também atuaram no asfalto da Capital a Proteco Construções Ltda e LD Construções, ambas empresas ligadas à João Amorim, que estão suspensas por causa das investigações da Operação Lama Asfáltica. 

Parece que já virou tradição, todo início de ano, uma empreiteira de Mato Grosso do Sul se tornar assunto nacional após envolvimento em escândalos. Em 2015, a Selco Engenharia Ltda foi flagrada, em imagens, tampando um 'buraco fantasma' em uma via da Capital. Neste ano, foi a vez da Wala Engenharia Ltda ficar conhecida após populares terem filmado imagens impressionantes do desabamento de uma ponte de concreto, que caiu com o 'efeito de dominó'.

Empresa Selco Engenharia Ltda, foi flagrada em janeiro de 2015, cobrindo buraco inexistente. Ela tem contrato anual com a Prefeitura Municipal de Campo Grande de R$ 5,918 milhões, conforme publicado do Diogrande (Diário Oficial do Município) em novembro de 2014. A empresa também está na mira do Ministério do Público Estadual que abriu procedimento para investigar o serviço de tapa-buraco na Capital. Porém, até o momento, não informações sobre como está o andamento das investigações.

Já a ponte de aproximadamente 60 metros, que desmoronou no dia 2 de janeiro deste ano, na MS-382, foi construída pela Wala. Ela caiu sobre o Rio Santo Antônio, na cidade de Guia Lopes da Laguna, distante 232 quilômetros da Capital, e dava acesso aos assentamentos Retirada da Laguna e Rio Feio, além da cidade de Antônio João. A ponte custou R$ 1,3 milhão com recursos do Ministério da Integração Nacional, para substituir uma estrutura de madeira antiga, que existia no local. 

A Wala é dona de contratos milionários com a prefeitura de Campo Grande, responsável pela 'implantação de infraestrutura urbana, pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais no Jardim Panorama - Etapa B'. E também pela reforma da UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Coronel Antonino. Com os serviços orçados em R$ 41.336,29, a contratação teve o aval do então secretário de Obras, Valtemir Alves de Brito, mais conhecido como Kako. Além disso, ela detém contratos iniciados na época de Nelsinho Trad (PTB), que permanecem na administração de Alcides Bernal (PP), através de aditivos. A empresa também teria negociado obras com João Amorim, pivô Lama Asfáltica.

Outras empresas
Alvo da operação realizada pela Força-Tarefa, do Ministério Público Estadual, a Proteco Ltda, de João Amorim, venceu a licitação avaliada em R$ 6.875.040,63 para recuperar o trecho da rodovia MS-228, entre os quilômetros 35 e 77, no município de Corumbá. Fechada no último ano da gestão do ex-governador André Puccinelli, do PMDB, em 2014, o contrato previa prazo de 240 dias para conclusão da obra e contava com a assinatura da ex-diretora da Agesul, Maria Wilma Casanova Rosa, que figura entre as nove pessoas que acabaram detidos após pedido de prisão temporária decretada pelo juiz Carlos Alberto Garcete, do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). 

Com base nas informações, o magistrado entendeu que o material apresentado pelo Ministério Público justifica, sem sombra de dúvidas, a medida pleiteada. “Há farta documentação a indicar, prima facie, que, possivelmente, consolidou-se uma organização criminosa com objetivo de auferir vantagens ilícitas em contratos administrativos de obras e serviços com o Estado de Mato Grosso do Sul, consistente em falsificações de medições e outras ações escusas que objetiva receber por serviços não realizados ou realizados de forma insuficiente”, destacou Garcete, em nota divulgada à imprensa.

Mesmo depois das prisões, a Proteco acumulava R$ 20,6 milhões em contratos com a prefeitura. No entanto, segundo Alcides Bernal, a empreiteira foi suspensa para análise de recomendações da Polícia Federal. No TJ-MS, a Proteco entrou com pedido de recuperação judicial alegando que a prefeitura estava há meses sem pagar por serviços executados, mas sem explicação deisistiu do processo antes do julgamento de mérito.


Por fim, a LD Construções, outra que seria ligada ao grupo criminoso, é investigada por possíveis irregularidades na licitação para construção do aterro sanitário de Campo Grande. Segundo a Polícia Federal, a empresa de Luciano Dolzan outro investigado na operação, é usada como laranja de Amorim, apontado como o principal articulador do grupo criminoso. A mesma ainda teria assumido o contrato para a manutenção das rodovias estaduais pavimentadas e não pavimentadas da região B de Dourados.

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