Falta de medicamentos em unidades de saúde, obras atrasadas, morte por dengue, declarações polemicas, bem como vetos a projetos de vereadores, além do impasse no reajuste salarial dos professores, marcam a administração do prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP) neste início de ano. O chefe do Executivo segue sem sinalizar uma resolução dos problemas que cercam a sua gestão.
Enquanto os professores da Rede Municipal de Educação aguardam o reajuste de 13,01% na folha de pagamento, o prefeito Alcides Bernal tem alegado "problemas graves de ordem financeira” para não garantir o aumento salarial dos servidores da educação.
As obras paralisadas que foram iniciadas durante a administração do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PTB), por exemplo, não tem data para serem concluídas. Em 2012, Trad Filho assinou convênio com a União para construção de 19 Centros de Educação Infantil ( Ceinfs), que juntos, tenderiam 4750 alunos (250 cada). O investimento para obra de cada unidade era de cerca de R$ 2,2 milhões, dos quais R$ 800 mil, seria contrapartida do Município, a cada Ceinf. Após quatro anos, 12 dos 19 Ceinfs não foram entregues.
No dia 11 de janeiro de 2016, Bernal publicou no Diário Oficial do Município, a revogação dos contratos assinados com empreiteiras responsáveis pelas obras. De acordo com informações repassadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha), a medida segue orientação do Sistema de Monitoramento e Controle do Ministério da Educação (MEC) para que seja realizada readequação de prazo das obras. Todas as construções afetadas pela determinação estavam paralisadas, desde 2013. Em meio as paralisações de obras, a população da Capital já viu dois prefeitos se alternarem no comando da administração municipal.
Reclamações
Além da superlotação nas unidades de saúde, a população também reclama da falta de medicamentos nos postos. Entre os remédios indisponíveis estão desde o Omeprazol, indicado para tratamento de gastrites e úlceras gástricas, até remédios utilizados para o tratamento de pressão alta, como a Hidroclorotiazida. Até o momento não foi anunciada a data prevista para reposição, na rede municipal de saúde da Capital. Conforme um funcionário que não quis se identificar, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Nelson Assef Buainain, localizada no bairro Jadim Antártica, os dois últimos pedidos realizados pelo posto para o medicamento Hidrocloriazida foram negados.
A Capital iniciou o ano com duas mortes que estão sob suspeita de dengue. Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), o município já soma 2,5 mil casos notificados de dengue, de 1º de janeiro até a última sexta-feira (29). Conforme a secretaria, foram confirmadas 9,48 pessoas picadas pelo mosquito Aedes aegypti por dia. De acordo com a Sesau, foram constatados 275 casos confirmados da doença. Os técnicos do órgão notificaram 458 casos de zika vírus e outros dois casos suspeitos. Além disso foram registrados 62 casos de chikungunya.
Crise política
Além ter de enfrentar a redução da sua base aliada na Câmara Municipal de Campo Grande, e não conseguir definir seu representante do prefeito na Casa, Alcides Bernal tem deixado o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo ainda mais instável. Com os vetos dos projetos de vereadores publicados, no dia 25 de janeiro, no Diário Oficial do Município, provocou desconfiança no legislativo. “Espero que ele tenha um rol de argumentos, um amparo legal. Mas agora se ele simplesmente vetou por conta de retaliação, ele está muito equivocado”, disse o presidente da Câmara João Rocha (PSDB) ao MS Noticias.
Conforme a publicação, Bernal vetou totalmente oito projetos aprovados pela Câmara entre eles, o do vereador Alex do PT que prevê isenção do pagamento de IPTU para parcela da população considerada de baixa renda que são mutuários do Minha Casa Minha Vida, do governo federal, e vivem em regiões de desfavelamento e loteamentos sociais. Bernal também vetou isenção do IPTU para pessoas diagnosticadas com câncer.
Outro projeto vetado totalmente é de autoria dos vereadores Luiza Ribeiro (PPS), Thais Helena (PT), Chiquinho Telles (PSD), Coringa (PSD), e do vereador cassado Paulo Pedra (PDT), que estabelece reservas de vagas para negros e índios em concursos públicos. Todos vetos estão acompanhados das justificativas legais defendidas pelo prefeito. A Câmara, com retorno do recesso, deve colocar em votação a derrubada ou não dos vetos. Houve também, um veto parcial.
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