O prefeito Alcides Bernal (PP), desde sua eleição em 2012, até agora não disse publicamente e de maneira clara se pretende candidatar-se à reeleição. Se for esta a sua vontade, então terá pela frente um desafio maior do que poderia prever o candidato que venceu, e com tranquilidade, os dois turnos de uma disputa considerada a mais difícil de toda história da capital de Mato Grosso do Sul.
Além dos desgastes de um mandato truncado, equilibrando-se no cargo por força de liminar e atarantado pela pressão crescente de um povo que cobra soluções para problemas acumulados na cidade, Bernal tem no isolamento político um complicador extra para uma provável tentativa de buscar mais quatro anos de poder. Vários partidos e forças que o apoiaram na disputa sucessória ou no início de governo – como o PPS e o PDT - já estão fora de sua influência ou abertamente fazendo oposição.
A semente desse isolamento foi ele mesmo quem plantou, e antes mesmo de tomar posse. Logo após a proclamação dos resultados, quando foram abertos os processos de transição e de montagem do secretariado e do alto escalão, Bernal chamou para si a prerrogativa exclusiva de decidir quem seria quem na administração. Seria uma condição natural no que diz respeito às responsabilidades do prefeito, não fosse aquela uma forma de confirmar uma postura egocêntrica e dispersiva que aos poucos excluía os aliados ou subestimava-lhes a importância, relegando-os a planos secundários.
O PT é um dos partidos que ainda no primeiro turno já anunciavam a disposição de reforçar o palanque de Bernal caso não passasse para o segundo. Como retribuição, os petistas receberam o mínimo do mínimo: a vereadora Thaís Helena foi designada secretária de Assistência Social. Seu substituto, o primeiro suplente Marcos Alex, foi escolhido líder na Câmara, mas não teve o lastro mais elementar do prefeito para desempenhar a função. Chegou a amargar horas de espera na ante-sala – o constrangedor e humilhante “chá de cadeira” - na expectativa de acelerar demandas como a relação entre Legislativo e Executivo e a definição dos espaços que haviam sido prometidos aos petistas na administração. Alex não teve outra saída que não fosse a de renunciar à liderança. E ainda abriu guerra à gestão do pepessista.
PDT E PPS – Atualmente, dois vereadores estão entre as lideranças mais empenhadas na defesa da administração municipal: Paulo Pedra (PDT), que se licenciou da vereança para comandar a Secretaria Municipal de Governo, e Luiza Ribeiro (PPS). Há que se reconhecer: ambos se desdobram, como fiéis escudeiros, para reverberar as ações de Bernal e servir de anteparo aos ataques oposicionistas.
No entanto, Pedra e Luiza protagonizam apoios isolados, de iniciativa estritamente pessoal e que não servem para indicar comprometimento partidário. O PDT, presidido e controlado pelo deputado federal Dagoberto Nogueira, tem outros planos, não faz segredo disso e já deixou patente que a reeleição de Bernal está fora das projeções do partido este ano. Se não lançar chapa própria, os pedetistas campograndenses vão procurar uma composição política e eleitoral de retorno seguro, tendo em vista o tratamento dado pelo prefeito aos parceiros que um dia lhe deram sustentação.
O PPS sulmatogrossense é dirigido e liderado por Athayde Nery de Freitas Jr. Amigo e parceiro político-ideológico de longa data de Luiza Ribeiro, ele não a acompanha na trincheira pró-Bernal. No plano da sucessão municipal, Athayde dificilmente deixará de priorizar como projeto político este ano uma solução que passe pela vontade do governador tucano Reinaldo Azambuja, por quem foi “adotado” politica e afetivamente.
Explica-se: além de gostar muito do estilo políico de Athayde e de incluí-lo entre seus grandes amigos e colaboradores no debate de soluções conceituais, Azambuja o considera um das mais expressivas inteligências do estado, tanto que o nomeou para chefiar a Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação. E se o PSDB de Azambuja confirmar a tendência de lançar chapa majoritária, o PPS de Athayde vai procurar seguir no mesmo caminho, embora não deixe de lado a opção de fomentar no partido a discussão sobre a possibilidade de concorrer com chapa própria à Prefeitura. Nesse caso, o nome seria o da vereadora Luiza Ribeiro.
Restaria então a Alcides Bernal agarrar-se às forças que insistem em continuar a seu lado, entre as quais o PSL. Ritva Vieira - amiga e aliada de Bernal, que a pôs no comando da Agência de Regulação de Serviços Publicos no primeiro ano de governo -, é a presidenta do PSL, o mesmo partido que até o ano passado teve o vereador Alceu Bueno entre seus dirigentes. Como se sabe, Bueno renunciou ao cargo para não ter seu mandato cassado pela Câmara, mas não escapou de ser condenado pelo crime de pedofilia.
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