Tire suas dúvidas sobre a chamada depressão refratária e como revertê-la
Quem já sofreu com a doença sabe que depressão não é só tristeza. Sintomas como irritabilidade, problemas no sono e dores pelo corpo são característicos de quem luta contra o problema. Na maioria dos casos, o tratamento para depressãopede não só a terapia, mas também o uso de medicamentos, que auxiliam na melhora mais rápida do paciente. Existem, no entanto, aquelas pessoas que não conseguem a cura total do problema, a continuam apresentando sintomas mesmo com o tratamento muito bem feito - essas pessoas possuem a chamada depressão refratária. "Por definição, a depressão refratária acontece quando o paciente não responde da forma esperada após ter feito tratamento com pelo menos dois medicamentos de classes diferentes usados em dose eficaz e por tempo adequado", afirma o psiquiatra Kalil Duailibi, de São Paulo. "É quando a pessoa não melhorou apesar de ter feito tudo certo", completa. Tire suas dúvidas sobre depressão refratária e entenda qual o melhor tratamento nesses casos:
O paciente tem algum tipo de intolerância ao medicamento?

Não. "O que acontece na depressão refratária é que o paciente não consegue melhorar completamente nem mesmo com ajuda da medicação", explica o psiquiatra Kalil Duailibi, de São Paulo. Ele explica que a medicação pode até diminuir os sintomas de depressão mesmo no caso da refratária, mas a pessoa não fica 100% livre da doença. "É importante não confundir o paciente com depressão refratária do paciente que não toma a medicação corretamente", alerta o psiquiatra. Na refratária, a pessoa toma a medicação nos horários e doses corretas, sem interrompê-lo, fora as sessões de terapia ? e mesmo assim não consegue se recuperar completamente. "Ao parar o tratamento antes da hora ou não executá-lo corretamente, é comum que a depressão também volte, mas isso é apenas um reflexo da negligência do paciente."
O profissional tenta medicamentos diferentes até encontrar o ideal?
É mais simples notar esse quadro quando ele já está acontecendo: a pessoa melhora com o tratamento, mas não zera os sintomas
O psiquiatra Fernando Fernandes, do programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, explica que o medicamento é escolhido para o paciente baseado em uma série de fatores, tais como tipo de depressão, doenças associadas e tratamentos prévios de psiquiatra. "Contudo, não é possível prever com absoluta certeza se o antidepressivo escolhido será eficaz, e só podemos ter certeza do sucesso depois que o paciente inicia o tratamento", diz. O psiquiatra Kalil afirma que somente 50% das pessoas ficam bem logo com a primeira medicação - o médico tende a acertar só na segunda vez. No caso da depressão refratária, o paciente não apresenta uma melhora total dos sintomas nem mesmo na segunda medicação. "Nesse caso, podemos tentar associar dois tipos de medicamentos ou procurar outras linhas de tratamento a fim de encontrar o motivo da não-remissão", diz Kalil.
Quanto tempo demora para o médico descobrir que o remédio não faz efeito?
Geralmente o antidepressivo começa a funcionar dentro cinco a 15 dias após o início do tratamento. "Se a pessoa não estiver respondendo como deveria nesses primeiros dias, aumentamos a dose da mesma medicação e mantemos durante 30 a 40 dias", explica o psiquiatra Kalil. Se nesse período a pessoa não melhorou ou está muito aquém do esperado, o profissional troca a medicação ou entra com uma medicação associada. Caso o tratamento não atenda às expectativas mesmo após o período de 30 a 40 dias da segunda tentativa, têm-se o diagnóstico de depressão refratária, sendo necessário procurar outros tratamentos associados.
Existe algum sintoma que pode prever esse tipo de depressão?

"Não há qualquer sinal que possa indicar com antecedência que uma pessoa possui depressão refratária", afirma o psiquiatra Fernando. Segundo ele, só é possível identificar a refratariedade com o desenrolar do tratamento. É mais simples notar esse quadro quando ele já está acontecendo: a pessoa melhora com o tratamento, mas não zera os sintomas. "No geral fica algum sintoma físico, como se a pessoa estivesse feliz, mas o corpo continuasse chorando", diz Kalil. "É o paciente que vai ter uma tendência a tornar o quadro dele crônico."
Pessoas com depressão refratária são mais difíceis de tratar?
Sim, justamente porque elas oferecem resistência aos tratamentos considerados eficazes. "São casos de tratamento mais difícil e dispendioso, porque os motivos pelos quais o paciente não responde a determinado tipo de medicação ainda não são conhecidos", afirma o psiquiatra Fernando.
É uma depressão que tende a ser mais profunda?
Não necessariamente. "Em alguns casos depressões muitos graves respondem bem ao tratamento e depressões menos graves são refratárias", declara o psiquiatra Fernando. Contudo, a depressão refratária sempre será mais difícil de tratar, mesmo que não seja um quadro aparentemente mais nocivo.
Quais tratamentos podem ser associados ao medicamento?
Tudo depende do paciente. Às vezes, a pessoa tem um conflito que está mantendo a depressão - pode ser com uma chefia no trabalho, situação afetiva ou mesmo o ambiente em que ela vive, que mantêm a pessoa em constante estresse. "Não podemos pensar que é apenas o remédio que deixará a pessoa ótima, muitas vezes é algo que a está incomodando constantemente", explica o psiquiatra Kalil. Problemas de autoimagem, por exemplo, podem ser melhor tratados com a ajuda de nutricionistas ou educadores físicos. Em outros casos, trocar de emprego pode refletir da evolução e até cura do quadro. "É importante ressaltar a importância de dizer ao médico psiquiatra não apenas o que estamos sentindo, mas também a presença de outras doenças, se toma medicamentos, etc", completa Kalil. "Tudo isso pode influenciar no quadro, e contar ao médico é decisivo no tratamento eficaz."
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