Paulo Yafusso
Em depoimento prestado na 3ª Delegacia de Polícia, no bairro Carandá Bosque, no último dia 18 de agosto, o radialista Evandro Batista da Silva relatou que o patrimônio do vereador Waldecy Batista Nunes, o Chocolate, apresentou evolução após a cassação do prefeito Alcides Bernal em março do ano passado, o que chamou a atenção principalmente dos funcionários do gabinete. Segundo ele, que trabalhou como motorista e assessor do vereador, depois que a Câmara Municipal cassou o prefeito, Chocolate mudou de comportamento, passando inclusive a maltratar os seus assessores, o que o levou a pedir exoneração cerca de quatro meses após a saída de Bernal da Prefeitura.
Ao se candidatar a vereador na eleição de 2012, Chocolate declarou que tinha como patrimônio apenas um carro JAC modelo J3, ano 2011, avaliado em R$ 37.900,00. De acordo com o depoimento de Evandro, depois da cassação de Alcides Bernal o vereador comprou uma casa por R$ 80 mil no Bairro Nashivile e gastou mais R$ 50 mil para a reforma. Também comprou um HB20 para a esposa, por R$ 38 mil pagos à vista, e um Elantra para ele.
Apaixonado por carros, antes disso Waldecy Batista Nunes adquiriu outros carros, mas sempre dando um como entrada ou vendendo para negociar outro. O ex-assessor dele relatou no depoimento, por exemplo, que Chocolate comprou uma Toyota SW4 por R$ 80 mil, dando como entrada um Honda Civic 2014. Segundo Evandro Batista da Silva, o vereador comprou a caminhonete para viajar pelo interior do Estado, já que pretendia sair candidato a deputado estadual. Ainda de acordo com o ex-assessor, o vereador comprou uma van com o dinheiro que ele recebeu do acerto trabalhista pelos 13 anos de serviços prestados ao deputado Maurício Picarelli, e depois deu esse veículo como entrada para comprar uma Van Renault que custou R$ 100 mil.
Evandro Batista da Silva disse ainda ao delegado Fabiano Nagata, que várias vezes levou o vereador Chocolate para participar de reuniões em chácaras e na casa de políticos, mas não sabe o que eram discutidos nessas ocasiões. Relata que antes da cassação do prefeito Alcides Bernal também houve reuniões num quiosque próximo à Câmara Municipal e também na sede do Legislativo.
O Campo Grande News conversou por telefone com Evandro Batista da Silva, que após pedir demissão do gabinete de Chocolate, retornou para Jardim. Ele contou que na véspera da sessão que cassou Bernal, Chocolate passou a receber uma grande pressão tanto dos aliados de Bernal como da oposição, o que o fez dormir na véspera em uma chácara.
Ele disse ainda, que no dia 12 de março, por volta das 11h30, o vereador se reuniu com o então prefeito Alcides Bernal na Esplanada Ferroviária e ao sair disse que votaria contra a cassação de Bernal, mas que para a surpresa dos assessores dele, Chocolante acabou votando pela cassação.
O vereador Waldecy Batista Nunes nega que tenha participado de alguma reunião para discutir a cassação do prefeito Alcides Bernal. “É um absurdo isso, essas reuniões não existiram”, afirmou ele.
Chocolate foi eleito vereador pelo PP com 2.508 votos e diz que não se elegeu com a ajuda do prefeito Bernal. “Os votos foram para a legenda, e nós também fomos para as ruas pedir votos para o Partido”, afirmou.
Investigação - Chocolate é um dos vereadores investigados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na Operação Coffee Break, que apura suposta compra de votos para cassar o mandato de Bernal. Além dele, o MPE investiga outros 17 vereadores, incluindo-se o presidente afastado, Mario Cesar Oliveira Fonseca (PMDB).
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