Ex-governador teria recebido propinas e usado a aeronave do empresário João Amorim, dono da Proteco Construções Ltda
O ex-governador André Puccinelli (PMDB) é apontado como um dos principais beneficiários do esquema de corrupção que fraudava licitações de obras públicas revelado pela Operação Lama Asfáltica, deflagrada no último 9 de julho. Ao lado do ex-secretário estadual de obras, Edson Giroto, e do ex-secretário-adjunto de fazenda, André Cance, ele teria recebido propinas e vantagens pessoais para a contratação de empresas ligadas ao empresário João Krampe Amorim.
Conforme documentos obtidos pelo Top Mídia News, o MPF (Ministério Público Federal) identificou, através de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, a atuação direta de André Puccinelli no esquema em dezembro de 2014, quando se reuniu por duas vezes com João Amorim na sede da Agesul (Agencia Estadual de Gestão de Empreendimentos).
De acordo com as investigações, a organização criminosa foi obrigada a aditar diversos contratos para manter o superfaturamento e a apropriação de recursos públicos com o fim do governo, por isso Puccinelli foi resolver as ‘pendências’ pessoalmente.
Logo após os encontros com João Amorim, que foi coordenador e tesoureiro de campanha do peemedebista, o ex-governador publicou no Diário Oficial do Estado diversos termos aditivos prorrogando contratos com a Proteco Construções Ltda, de propriedade do empresário.
Em alguns dos extratos, o governo estadual inclui o repasse de recursos arrecadados através de multas em rodovias estaduais para a empresa. Assinam a então presidente da Agesul, Maria Wilma Casanova Rosa, e Elza Cristina Araújo dos Santos – apontada como laranja de João Amorim em outras empresas.
Aditivos publicados no Diário Oficial do Estado de 24 de dezembro de 2014 - Foto: Reprodução
Segundo o MPF, Puccinelli tinha conhecimento da estrutura da organização e do seu modus operandi, contribuindo com as atividades ilícitas a partir do cargo que ocupava, inclusive intermediando pessoalmente a prorrogação de contratos que foram fraudados na origem e na execução.
Entre as vantagens recebidas pelo ex-governador, as investigações apontam o recebimento de propinas, inclusive para o favorecimento da Proteco nas obras do Aquário do Pantanal, e do uso de uma aeronave de propriedade de João Amorim nos dias 20 e 26 de fevereiro e 1º de dezembro de 2014. Veja a seguir:
Operação
A Operação Lama Asfáltica investiga uma organização criminosa que teria fraudado diversas licitações em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Até o momento, a polícia estima prejuízos de R$ 11 milhões aos cofres públicos sobre o montante fiscalizado, que soma R$ 45 milhões.
O nome da operação faz referência a um dos insumos utilizados em obras com indícios de serem superfaturadas identificadas durante as investigações. Durante o cumprimento de mandados e apreensão na casa dos envolvidos, a polícia apreendeu documentos, uma obra de arte e mais de R$ 747,9 mil, em moedas nacionais e estrangeiras. Para entender o papel dos suspeitos já divulgados, leia mais aqui.
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